CIDADE DESCALÇA
A complexa questão da segurança pública não passa somente por melhores salários, infra-estrutura, combate articulado ao tráfico e consumo de drogas, desarmamento do bandido e não só do chefe de família, geração de renda, oportunidades de emprego e eficiência na educação. Passa também por treinamento, compromisso, vocação e policiamento ostensivo, porque o cidadão que precisa ser protegido está nas ruas e não nos quartéis, delegacias ou gabinetes. Se a polícia não estiver presente e atuante no cotidiano, não há como a sociedade apoiá-la em seus pleitos ou vê-la como aliada.
No dia 1º de Novembro passado, saí de casa às 05:20h da manhã para combater a pressão alta pedalando, conforme recomendação médica. Como era um “feriadão” e de manhã cedo, resolvi seguir pela Av. Fernandes Lima até a conhecida “Praça Centenário”. Por volta das 06:00h, no canteiro central em frente a um posto de gasolina, fui atacado por três marginais que derrubaram-me da bicicleta, agrediram-me com socos e levaram todos os meus pertences, deixando-me somente com a camisa e o calção que vestia. Eu ainda estava sentado na grama quando vi que transeuntes tentavam intimidar os criminosos e pararam um policial que vinha de moto, avisando-o do assalto. Ele olhou para mim, olhou para os agressores que ainda podiam ser vistos caminhando ousadamente pela rua e seguiu em frente, até hoje não sei para onde.
Com isso, juntei-me ao enorme número de maceioenses que já foram vítimas da crescente insegurança urbana, incluindo aqueles que perderam algo que jamais poderão recuperar. São trabalhadores, mulheres, idosos, jovens, parentes, empresários, famílias, crianças, profissionais liberais de todos os segmentos sociais e bairros. Esta é uma condição que não desejamos e que é fruto da impunidade, da cumplicidade de muitos, da inoperância de gestores públicos e até da desonestidade dos políticos que enriquecem roubando nosso o dinheiro, assim como fizeram aqueles ladrões de rua. No entanto, precisamos enfrentar as causas deste flagelo e combater as suas manifestações, pois a nossa omissão é o seu principal alimento. Precisamos de decisão, coragem e liderança daqueles que se dispuseram a fazer o importante trabalho de polícia. Pois assim como eu fiquei naquele domingo, uma cidade inteira está descalça voltando para casa com um forte sentimento de que este absurdo não pode continuar.
Tibério Rocha Júnior
Artigo publicado no Jornal Gazeta de Alagoas
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