MINHA SINA COM O EBITDA



Existem coisas que se repetem em nossas vidas e a gente não sabe porque. Comigo tem acontecido com o EBITDA. Tudo começou quando numa aula de pós graduação, o professor ao responder uma pergunta de um colega disse que EBITDA era a diferença entre o lucro orçado e realizado, mostrando várias planilhas para comprovar sua "tese" ! Ao levar no outro dia a verdadeira definição, a turma ficou aborrecida, foi reclamar na coordenação e depois eu soube que o professor foi retirado do quadro por este e outros motivos.

Anos mais tarde, numa apresentação que um consultor fazia para toda empresa, ao responder a pergunta de um diretor sobre o que era o EBITDA foi dito que era o lucro operacional somado da depreciação e amortização. Em slides foi informado que media quanto a empresa gerava de caixa. Em apresentação posterior levei a definição correta e sutilmente expliquei ao auditório.

Quando pensei que isso tinha acabado, aconteceu de novo. Numa reunião que um gestor fez para vários líderes, o EBITDA foi citado no hall de indicadores propostos, mas pela forma que foi pronunciada a sigla ningúem perguntou o que era para evitar vexame. Certamente quem estava falando não tinha a mínima idéia do que se tratava ! Parece que a sina do EBITDA é ser citado para impressionar, mas quem cita e quem ouve não sabe direito o que é.



EBITDA é o resultado da sigla em inglês Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization que siginifica LUCRO ANTES DE JUROS, IMPOSTOS, DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO.  Ele é um indicador apurado principalmente a partir do demosntrativo de resultados do exercício - DRE, relatório contábil feito pelo regime de competência. Desde o começo dos anos 90 vem sendo usado como um dos índices para analisar empresas.

Ao retirar os juros, os impostos, a depreciação e as amortizações, chega-se a uma medida de resultado mais operacional, pois ficam de fora despesas financeiras, gastos com o governo e o montante não desembolsável da depreciação. Ele não mede exatamente o caixa numa empresa pois as receitas e os gastos considerados não foram necessáriamente recebidos ou pagos, mas sim o potencial de geração de caixa.

Veja o que disse Ariovaldo dos Santos, professor de contabilidade da Universidade de São Paulo e responsável pela elaboração do anuário Melhores e Maiores, de EXAME:  "O Ebitda mostra o potencial de geração de caixa de um negócio, pois indica quanto dinheiro é gerado pelos ativos operacionais"


Como qualquer indicador o EBITDA não deve ser usado isoladamente para conclusões definitvas. Sua aplicação merece reservas. "Os valores encontrados são mais significantes em empresas submetidas a depreciações consideráveis, como a indústria de bens de capital, de capital intensivo, ou em casos em que a empresa possui um montante significativo de ativos intangíveis (marcas, patentes). (...) É indicador representativo em empresas de grande porte, e relativamente ineficaz em empresas pequenas, com passivo pequeno ou irrelevante", dizia o dicionário de finanças da BOVESPA.

Vale lembrar o que Ram Charam, ex-professor da Harvard Business School e consultor de executivos como Jack Welch, da GE. defendeu na revista Fortune: "As empresas têm de voltar a indicadores mais básicos, como entrada e saída de dinheiro do caixa".

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