A PERGUNTA DA VIABILIDADE

Sim, todo empreendedor é entusiasmado com o seu projeto industrial. Sem entusiasmo, não haveria realização. Não é raro que converse sobre ele demonstrando todos os aspectos do seu funcionamento. Como e onde vai adquirir matéria prima, o tipo de máquina que vai usar e até quanto vai produzir. Ele sabe até quanto precisa para deixar tudo em ordem. Na cabeça deste empreendedor, o seu projeto é sensacional, original e tem um excelente faturamento. Este é o problema. Está tudo na cabeça dele, um local onde as informações podem ser influenciadas pelas emoções e afetadas pelas memória. Lá elas podem ser diferentes da realidade. 

O ideal é somente começar um empreendimento após um estudo de viabilidade. A viabilidade de um negócio envolve a relação entre três fatores: O mercado, o produto e a gestão. No primeiro está a cadeia econômica na qual vai se inserir a empresa. Também estão os concorrentes diretos e indiretos, e principalmente os clientes e consumidores. Este conjunto é que define o volume de vendas que pode ser obtido. E este volume é composto dos preços multiplicados pelas quantidades. Tanto um como o outro, são definidos pelo mercado juntamente com a estratégia comercial que o negócio vai adotar. 

No segundo está a rede de fornecimento, a eficiência do processo produtivo, a tecnologia utilizada, a qualidade resultante, e até a entrega. A forma como tudo isso vai ser estruturado, definirá custos e despesas que por sua vez impactará na lucratividade da operação. Questões como localização, lay out e logística são muito relevantes. O produto carrega em si todos estes aspectos apropriados em sua produção, mesmo que nem percebamos. E finalmente no terceiro, está a competência das pessoas que vão administrar o negócio, as práticas e procedimentos que vão ser adotados, as formas como vão ser tomadas as decisões sobre recursos materiais, humanos e financeiros, o nível de conformidade com planos e controles, a natureza da governança. A gestão também acaba influenciando se um projeto será viável ou não. 

De uma maneira ou de outra, estes três fatores devem estar refletidos na projeção econômica e financeira que demonstra em números a viabilidade do negócio, através da projeção do DRE, do fluxo de caixa e das principais contas do balanço. Com isso, é possível identificar informações como a geração de caixa, a lucratividade, a necessidade de capital de giro, o retorno sobre os ativos, o custo do capital, a geração de valor, o payback, a taxa interna de retorno, o valor atual liquido e muitas outras informações mais, incluindo até a taxa de risco. De uma maneira geral, um projeto é viável se sua taxa interna de retorno é maior que sua taxa mínima de atratividade, mas podemos acrescentar outros indicadores nesta verificação, deixando a decisão mais fundamentada. 

Porém, o melhor estudo não garantirá o sucesso da iniciativa nem tão pouco a sua utilização adequada pelos gestores do projeto. Um dos pontos mais importantes sobre a viabilidade de um empreendimento, está em uma pergunta simples porém muito reveladora que deve ser feita ao empresário, antes mesmo do trabalho começar. Você deve olhar diretamente para ele e perguntar se caso o estudo indique que o projeto é inviável, o que ele fará. Ele decidirá por aperfeiçoá-lo ou até arquivá-lo, ou decidirá mesmo assim em continuá-lo? Se a resposta para esta última possibilidade for sim ele está prestes a falir antes mesmo de começar.