O MUNDO PERSONALIZADO DAS FINANÇAS FAMILIARES
A família é a unidade básica da sociedade e da economia. Significa
dizer que é por ela que estas duas dimensões da vida humana começam. Em outras
palavras, podemos dizer que os valores e as condutas que formatarão o indivíduo
pelo resto de sua vida, começam a ser formados exatamente na família. Também significa
dizer que os danos causados a ela, refletem direta e indiretamente nas esferas maiores
da organização humana, da mesma maneira que um organismo vivo pode ter todo seu
corpo afetado se desenvolver uma doença em suas células. O objetivo das
famílias é servirem de suporte para a felicidade dos indivíduos que dela fazem
parte. Suporte material, moral e emocional. Felicidade de todos que a integram
e não somente de uns, vale dizer. Esta felicidade de forma nenhuma está
condicionada às condições materiais, porém as questões materiais e financeiras
podem influenciar diretamente no bem estar e consequentemente na felicidade das
pessoas e das famílias. Neste contexto, as
finanças pessoais e familiares são importantes na edificação da sociedade e sua
economia.
Toda família começa com um casal. São duas pessoas que
resolvem partilhar a vida, tornar-se parceiros, aliados, companheiros e porque
não dizer sócios em um complexo projeto de longo prazo. Sobretudo é preciso
decisão para que isso se realize. A partir deste momento, não podemos mais
vê-los somente como indivíduos isolados. São eles enquanto pessoas e são o
casal produto da união que iniciaram. E é exatamente com este pano de fundo que
devemos enxergar as suas finanças. Ambos produzem renda e despesas, além do que
um afeta o espaço financeiro do outro. Se toda família começa com um casal, é
por ele que começam as primeiras providências quando o assunto é finanças.
Existem muitos tipos de casais quando o tema é dinheiro. Não
dá para estabelecer regras ou modelos nesse assunto. Se cada pessoa já é um
universo bastante plural, a combinação entre elas torna esta equação com
infinitos resultados. Existem casais onde a renda é totalmente provida por
apenas uma das pessoas. Existem casais onde isso é gerado pelos dois numa
proporção quase nunca igual. Os aspecto patrimonial também reflete esta
diversidade. Nunca existem integrantes de um casal cujo patrimônio antes da
união, seja exatamente igual ao do outro. Eles podem ser no máximo parecidos. A renda do casal e o seu padrão de gastos terminam
por definir o seu patrimônio, que também é regido pelo regime de bens que eles
escolhem. Por exemplo, se for comunhão parcial de bens, o
que cada um tinha quando solteiro continua sendo seu, o que for adquirido
depois do casamento é de ambos. Se um dos dois receber uma herança ou doação, o
bem não será dividido, desde que não seja transformado em outro bem com a
ajuda do cônjuge. É um regime muito comum. Se for comunhão universal, todos os bens, independente de quando foram adquiridos,
quem o comprou e quanto custou, pertencem ao casal, em iguais proporções. E se
for, separação total, o patrimônio de
um não se relaciona com o patrimônio do outro. O patrimônio define o futuro
material que o casal vai ter.
Como os dois que formam o casal podem gerar renda e existem despesas
individuais e comuns, a providência primeira e mais salutar é definir um
orçamento mensal envolvendo a renda total e todos os gastos relacionados.
Montar um orçamento doméstico não é muito complicado e existem planilhas, apps
e programas gratuitos a disposição de quem desejar. O bom e velho caderno também
cumpre a função de quem não quiser usar tecnologia. Porém o que é simples na
questão técnica, torna-se muitas vezes complexo em função da diversidade de
comportamentos das pessoas em relação ao dinheiro. Existem casos que um não
quer que o outro saiba quanto ele ganha. Existem casos onde eles não combinam
os gastos como deveriam. Existem aqueles que combinam mas não cumprem. E existem
casos onde se instala uma verdadeira infidelidade financeira. Se estas condutas
forem superadas, o orçamento demonstra o quanto o casal gera de renda e quanto
eles gastam mensalmente. Esses gastos devem ser divididos em fixos e variáveis.
Os fixos como o próprio nome já sugere, apresentam valores conhecidos e
pré-determinados. Os variáveis apresentam valores que podem mudar, de acordo
inclusive com as decisões e comportamentos adotados pelo casal. Um carnê é uma despesa
fixa. Uma conta de energia é uma despesa variável.
O objetivo do orçamento é apurar a situação financeira do casal, identificar
pontos de melhoria e a margem para investimentos, realização de projetos do
casal e segurança no futuro. O orçamento
deve ser discutido, nunca imposto. Deve contemplar ambos dentro das suas
necessidades, possibilidades e contribuição. Deve ser uma ferramenta de apoio
valioso para o sucesso financeiro e não um motivo de discórdia. E principalmente,
deve ser cumprido.
Com ou sem o orçamento montado, seguem-se decisões a serem tomadas em
virtude do dia a dia. Decisões ligadas às compras, ao crédito, ao endividamento,
aos investimentos e à previdência. E nestes assuntos também não existem
receitas de bolo, regras gerais ou modelos que possam servir para todos. Cada
casal tem a sua peculiaridade e cada decisão dessas possui várias alternativas,
cada uma com seu custo, suas vantagens e desvantagens. Trata-se de encontrar
aquelas que melhor se adaptam a situação existente. Antigamente, essas decisões
eram tomadas com base em opiniões de amigos, em palpites dados em mesas de bar
e conversas informais, em conselhos do gerente do banco ou até do contador, mas
vale dizer que nem sempre com bons resultados. Seria uma espécie de amadorismo.
Hoje em dia a situação mudou. Os casais podem recorrer a profissionais
especializados em ajuda-los no planejamento e nas decisões do dia a dia,
colaborando para que eles revertam situações de dificuldades financeiras e formem
o seu patrimônio e sua riqueza pessoal.
Se esse assunto parasse por aí já teria diversidade suficiente, porém as
finanças familiares ainda incluem outra etapa que deve ser considerada: A
Educação Financeira dos filhos. Sim, porque mesmo que o casal não saiba fazer isso
conscientemente, eles educam seus filhos nesse aspecto transmitindo hábitos e
conceitos que vão servir de referência e que afetarão a vida deles de maneira
relevante. Então é melhor fazer da maneira certa. Situações como o fornecimento
da mesada, concessão desbalanceada de presentes e facilidades, desinformação quanto
aos gastos da casa e ao custo das coisas, exemplos de como se ganha dinheiro e
o seu papel na nossa vida, afetam diretamente o comportamento das crianças que
serão os adultos de amanhã. A Educação Financeira não pode ser renunciada pelos
pais sob pena de pagarem um preço alto mais tarde, ou você nunca ouviu falar de
pessoas com mais de 40 anos que ainda vivem sob as custas dos pais?
O mundo das finanças familiares é bastante personalizado. Quem quer que
deseje caminhar por ele, terá de conciliar uma boa percepção da natureza e
condição humana, com as alternativas financeiras práticas que a atualidade
dispõe. E como isso, colaborar para que as pessoas e as famílias sejam mais
prósperas e porque não, mais felizes.
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