AS LUZES DE BERLIM
O mundo visto apenas por dois lados
é bastante limitado. Quem acredita que a vida política se resume apenas em direita
e esquerda há muito tempo deixou de ter condições de apresentar respostas e
soluções eficazes para os problemas da atualidade. Para nossa infelicidade,
nosso país está repleto de pessoas assim e isso representa um grande risco.
Risco de ficarmos no atraso, de não aproveitarmos todo nosso potencial como
nação, de condenarmos gerações à pobreza, de gerarmos mais desordem social e de
ingressarmos em regimes totalitários. Com certeza é coisa muita séria, porque
enquanto estes extremos disputam hegemonia apenas em seus projetos de poder, o
bem estar da sociedade fica relegado ao último plano. Esta dicotomia pouco inteligente,
lança-nos numa escuridão com somente duas velas acesas. Na verdade, temos
muitas outras luzes que podem nos iluminar.
A Economia e a História vez por
outra demonstram que os modelos tradicionais são insuficientes para
corresponder aos dias atuais. Na verdade, os modelos são simplificações da
realidade que precisam ser aperfeiçoados o tempo inteiro. Não são ferramentas
estáticas. São estas variações e adaptações que podem gerar soluções interessantes
como o Ordoliberalismo, por exemplo. Hoje em um post de Roberto Ellery no
Facebook, descobri esta escola de pensamento econômico, que bem poderia ser
chamada de “Neoliberalismo Alemão”, apesar da denominação neoliberal ser alvo
de muitas resistências e difamação. Ela entende que deve assegurar a correção das
imperfeições dos mercados livres mas para que estes sejam mais eficientes.
Seria alemã, porque foi vivenciada na Alemanha pós Segunda Guerra Mundial e
criada por juristas e economistas daquele país. Há quem diga que foi ela a
responsável pelo sucesso econômico do mesmo. O nome de certa maneira estranho
demonstra um pouco da sua natureza. Ordo significa ordem, algo bem típico
alemão por sinal. Aqueles que pensam
dessa forma, acham que “a principal tarefa do estado é criar uma moldura
legal para garantir a competição livre, em benefício de todos os cidadãos.”
Eles vivem buscando saber “qual a moldura constitucional que melhor garante a
existência de uma economia livre”. Entre eles, está Ângela Merkel.
O fato é que a Alemanha demonstrou
envergadura econômica para passar pela crise europeia, e isso não pode ser
descartado. Outro fato é que enquanto os preconceitos dominarem as ideias,
estaremos fadados a limitação e a mediocridade. A economia é uma ciência que
precisa ser encarada sem a mancha da política que somente busca o poder. Muitos
a utilizaram para isso. É uma pena. Sem conteúdo adequado nesta esfera, os
governos não conseguem fazer com que as nações prosperem. E estamos vendo isso.
Os muros caem assim como ocorreu em Berlim no fim dos anos 80. Fico torcendo
que a demagogia que hoje domina a América Latina desapareça da mesma forma, e
que seu sofrido povo enfim experimente períodos duradouros de prosperidade
capazes de melhorar as suas condições de vida e fornecer um futuro diferente
daquele que atualmente se descortina.
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