O PATRIMÔNIO DE IB GATTO FALCÃO

Especular sobre a situação patrimonial de uma pessoa, é uma prática comum nos dias de hoje. Vou discorrer sobre o patrimônio de Ib Gatto Falcão, não porque conheço seus parentes próximos, sua única filha, sua única neta, ou porque me tornei pai de sua primeira bisneta. Nem porque tive a oportunidade de desfrutar algumas vezes da sua intimidade modesta, quase franciscana. Tão pouco porque o conheci muitos anos atrás, na sua rápida passagem pela Clínica Santa Juliana ou nas vezes em que voltou ao Rotary Club, enquanto eu o freqüentava. Mas, sobretudo, porque jamais me esqueci quando o escutei discorrer sobre Alagoas há cerca de 30 anos no programa Manhãs Brasileiras, e também por reconhecer que talvez um dos únicos bons serviços que o Estado me prestou, foi em decorrência das suas realizações, pois estudei no início dos anos 70 no antigo Cepa. E principalmente, porque seu nome era lembrado por minha mãe, por ter parado seu Galaxie na Fernandes Lima para providenciar socorro a um anônimo ciclista que fora atropelado, quando ninguém o fazia. 

Diógenes Tenório Júnior, no lançamento de seu livro, lembrou ao auditório repleto, que se dr. Ib tivesse realizado na iniciativa privada as ações que realizou, teria em seu patrimônio escolas, faculdades, hospitais e quem sabe grandes construtoras, acrescento eu. No entanto, dr. Ib realizou suas iniciativas no serviço público para a população, mantendo-se sem mácula, algo que muitos não conseguem fazer nem por um segundo. 

Será difícil contabilizar as pessoas que como eu, foram beneficiadas com as suas obras e com o seu exemplo, os amigos e admiradores, os anos de avanço que gerou para este Estado, e fundamentalmente a lição maior do seu legado: o dinheiro é um meio para realizar o bem comum e não uma finalidade acumulativa pessoal. Quando ouvi a sua voz peculiar afirmar que não cedeu, entendo perfeitamente o que ele queria dizer. 

No patrimônio de dr. Ib, há de se incluir a esteira do passado, mas também a inspiração para o futuro. Mais do que reerguer uma Academia de Letras ou a casa de Jorge de Lima, ele ergue diante de nós o desafio de continuar seu trajeto ímpar, talvez com uma fundação para fomento da boa gestão ensinando os governos a investir em educação, saúde e progresso como ele mesmo o fez, ou talvez simplesmente mantendo viva em nosso coração a esperança de que existam outros como ele, e que nosso mundo não está para sempre perdido nos descaminhos do ter. 

Este artigo de minha autoria foi publicado originalmente no jornal Gazeta de Alagoas em 11 de Abril de 2007. 

Comentários

  1. Uma coisa me intrigava a respeito do meu nome, Ib. Meu pai, Eider Dantas Soares, alagoano de São Miguel dos Campos, dizia que era uma homenagem a um amigo que tivera no passado. Não tive muita curiosidade quem seria esse amigo. No entanto, passados alguns anos, meu pai já falecido, me veio a biografia do Dr. Ib Gatto Falcão, também Alagoano. Com a certeza que me chamo Ib em razão do Dr. Ib Gatto que muito me honra.

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