OS MELHORES DO MÊS

Em junho de 2009, implantei na empresa uma política de avaliação de desempenho e reconhecimento de colaboradores, visando a excelência. Foi uma mudança que começou anos antes, quando a empresa tinha uma forma baseada principalmente na indicação favorecendo com isso uma cultura que premiava aqueles que praticavam a arte pouco desejável da bajulação. Ou seja, aqueles que eram reconhecidos quase sempre eram os que estavam em bom conceito com as pessoas que escolhiam. Quem escolhia logicamente achava que estava fazendo o melhor, porém nem sempre os escolhidos eram realmente o melhor para a empresa. Um bom sistema de avaliação e recompensa é um poderoso aliado à profissionalização da empresa, transferindo o foco para o que realmente importa. Em vez de escolher de quem se gostava, agora a empresa buscava identificar aqueles que possuíam uma conduta alinhada com seu plano estratégico.

O primeiro passo foi elaborar um perfil do colaborador, demonstrando o que queríamos deles. O resultado foram características que reforçavam condutas positivas e contrárias ao que estávamos detectando há muito tempo na empresa,, impedindo o seu pleno desenvolvimento. O perfil foi divulgado nos murais e folhetos distribuídos na empresa.

 Depois, foram criadas e implantadas as etapas de avaliação com o objetivo de identificar quais os colaboradores adequavam-se ao perfil desejado. Primeiro ocorria o que chamávamos de “ficha limpa” e passavam para a etapa posterior aqueles que não possuíam faltas, atrasos, atestados, punições, usavam corretamente uniforme, EPI, crachá, estavam com o banco de horas em dia. Segundo, passavam para o próximo passo aqueles que não possuíam pendências no trabalho, reclamações de clientes ou dos superiores. Por fim, verificava-se um a um a adequação ao perfil desejado, checando cada sentença do mesmo.

Mensalmente, grupos de 5 a 18 colaboradores de vários setores, que neste caso representavam até 22% do efetivo total da empresa foram identificados como os melhores. Com muita satisfação, passei a ver reconhecidos colaboradores que dedicavam a empresa realmente, mas que antes não tinham chances de concorrer. Às vezes tinham muito tempo de casa e as vezes eram recém contratados, o que importava é que apresentassem o perfil desejado naquele mês. Um comunicado interno divulgava os vencedores e o site completava a notícia.

Do grupo era escolhido um destaque, considerando o a quantidade de vezes que esteve entre os melhores, o tempo na empresa, etc. Ele recebia uma gratificação e sua foto ia para a recepção, ao lado da placa de fundação. No site era publicada uma entrevista com foto, informando ao leitor um pouco de quem era e o que pensava o colaborador destaque. Antes de saberem quem seria o destaque, o grupo era chamado a minha sala e era engraçado perceber a boa surpresa que muitos manifestavam no olhar. Neste encontro, eu explicava a importância da vitória deles, as etapas que eles superaram e o exemplo para toda empresa. Eu fazia questão de apertar a mão de cada um deles e dar os parabéns. Ao final do primeiro ano de programa, os melhores de cada mês receberam certificados e os destaques entravam na galeria que ao final do exercício concorreriam aos prêmios dos melhores do ano.


Existem muitas maneiras de se fazer um sistema desses. Na KPMG do Rio de Janeiro, participei de um que adotava as reuniões individuais entre líder e liderado, verificando pontos bons e a melhorar buscando construir um compromisso de desenvolvimento mútuo. Uma espécie de Coaching. No Day HORC em Salvador, Rose Caribé implantou um sistema 360o considerando avaliações de clientes e pares, atrelando também a indicadores. O importante é saber que essas soluções são adequadas ao momento e a cultura que a empresa vive, não existindo uma fórmula ideal. Elas servem como reforço ao incentivo de mudanças de comportamento, podendo e devendo evoluir junto com a empresa. O caso relatado traz uma forma dinâmica de reconhecer bons desempenhos, sendo a primeira experiência da instituição neste sentido. Um dia, espero vê-la premiando todas as equipes.

Este post é dedicado aos colaboradores desta empresa e vai para Eliana Niskier, do grupo Cerpo Oftalmologia.

Tibério Rocha Júnior

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