O PONTO DE EQUILÍBRIO

Antes do feito, ninguém poderia imaginar que seria possível. Na manhã de 7 de Agosto de 1974, o françês Philippe Petit, andou entre as torres gêmeas do World Trade Center, há mais de 400 metros de altura contando apenas com uma barra para equilibrar-se. Toda a cidade de Nova York ficou sabendo. Wall Street, o trânsito e as pessoas que chegavam para o trabalho, pararam para ver aquele destemido. Petit só parou 40 minutos depois, saindo ileso da façanha.

O que este rapaz de vinte e poucos anos fez é o que as empresas devem fazer nas suas finanças: Encontrar e administrar o seu ponto de equilíbrio. Ele levou mais de um ano planejando o fato. Durante semanas observou pacientemente o movimento do lugar onde agiria. Visualizou e memorizou a senha de acesso digitada pelos seguranças. Anotou tudo em um pequeno caderno. Planejou cuidadosamente cada passo que deveria ser dado. Acompanhou atentamente os boletins do tempo. Em outras palavras, preparação cuidadosa com dados reais, observação, planos, cálculos e estratégias que fundamentem o que os autores também chamam de Break-Even-Point. Escolheu o material e os acessórios adequados. Do contrário, o cabo poderia partir lançando-o para a morte. No universo empresarial, gastos fixos e variáveis devem ser identificados e separados. Subtraído do preço de venda ou das receitas, o gasto variável colabora para obtermos a Margem de Contribuição, uma valiosa informação gerencial que diz o quanto cada produto ou mix contribui para a amortização dos gastos fixos e posteriormente para o lucro. Isso melhora as decisões estratégicas, sinalizando onde se deve investir ou cortar além do acréscimo ou não de novos produtos.

Na travessia, Petit teve que equilibrar-se compensando o vento, o movimento e a dilatação dos materias, a tensão do cabo, permanecendo em cima de uma superfície de apenas 25 milímetros de diâmetro. No ponto de equilíbrio empresarial o lucro é zero. Abaixo dele a empresa está pagando seus custos e despesas. Somente acima dele, ela estará atuando com lucratividade. Para saber este ponto, basta dividir os gastos fixos totais pela margem de contribuição. Não é preciso arriscar a própria vida. Já o jovem equilibrista andou, correu e dançou na corda bamba. Em um momento, deitou-se no cabo e olhou para o céu que como a multidão, perplexamente o contemplava. Petit chegou ao outro lado, voltou, ajoelhou-se, e para finalizar colocou a barra no ombro, contando apenas com os seus braços para manter-se. Após trabalhar com o ponto de equilíbrio, as empresas ganham mais desenvoltura e segurança em sua trajetória.

No dia seguinte, Nixon renunciou à presidência dos Estados Unidos. A comissão de justiça da câmara dos representantes daquela nação recomendou a sua destituição por 27 a 11 votos em virtude do escândalo de Watergate. Vinte e sete anos depois, a ignorância derrubou as torres gêmeas no inesquecível 11 de Setembro, destruindo para sempre o cenário da aventura de Petit. Mas as empresas continuaram. Elas sempre continuarão a gerar produtos e serviços para a sociedade. Gerar empregos, eficiência, investimentos, soluções e riqueza. Principalmente aquelas que conhecem o ponto de equilíbrio.

Tibério Rocha Júnior
Publicado originalmente no Jornal Gazeta de Alagoas

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