UMA QUESTÃO DE PRODUTIVIDADE
A produtividade é uma medida de
eficiência, vinda da relação dos recursos utilizados com os resultados obtidos
ao longo do tempo. Apesar de não percebermos facilmente, ela afeta diretamente
as nossas vidas e pode ser considerada como uma das causas mestras da
construção da humanidade.
Em matéria recente da revista
Exame, podemos constatar que fazem mais de 230 anos que Adam Smith identificou
que um artesão sozinho só conseguia produzir em torno de 20 alfinetes por mês,
mas com a especialização do trabalho e a sua segmentação, esta produção ganhava
volume impossível de se conseguir anteriormente. Foi isso que foi utilizado pelas
indústrias inglesas no século 19, servindo como alavanca para a riqueza daquela
nação. Também pela indústria americana no começo do século 20, quando Henry
Ford ensinava que a única regra era fazer produtos com a melhor qualidade,
menor custo e maiores salários possíveis. Ela pagava o dobro da média para seus
operários e conseguia montar um carro em 98 minutos.
Vários economistas defendem que a
melhor maneira de um país enriquecer é conseguir que cada trabalhador produza
mais, e isso se aplica também as empresas. Mas nesse aspecto, precisamos
melhorar bastante. Dados do IPEA informam que ela caiu nos anos 80 e 90, e só
cresceu 0,9% nos anos 2000. Estamos praticamente parados. Se observarmos a
forma com que o trabalho é realizado cotidianamente nas empresas, veremos que
estes dados são verdadeiros e podem ser até piores. No Brasil, 2 operários fazem
17m2 por dia de alvenaria e nos Estados Unidos fazem 40 a 50, com material
pre-moldado. Duas torres de 35 andares necessitam de até 1.500 trabalhadores no
Brasil e isso dura 42 meses. Lá, fazem a mesma obra em 30 meses com 750
pessoas. Um funcionário brasileiro leva até 120 dias para ser treinado. Um
americano precisa de apenas 30 dias.
Essa ineficiência tem consequências
financeiras concretas, pois enquanto um trabalhador americano produz 100.000 dólares/ano,
um brasileiro produz apenas 22% disso. O americano produz 5 vezes mais. O
trabalhador alemão por sua vez cumpre uma jornada semanal de 38 horas com
férias anuais de 40 dias úteis, e mesmo assim possui uma produtividade maior
que a nossa. A OIT e OCDE informam que os brasileiros trabalham mais horas do
que a maioria dos países considerados ricos, portanto não é por que trabalhamos
menos. A baixa produtividade tem essa consequência cruel de fazer as pessoas
trabalharem mais com menos resultados, impactando inclusive na sua remuneração.
Nos Estados Unidos a renda per capta é 5 vezes maior.
Todas essas diferenças demonstram
que precisamos investir em educação, inovação, pesquisa, infraestrutura mas
sobretudo também na melhoria dos nossos processos, pois eles definem a
qualidade do nosso trabalho. A desorganização de materiais, de tempo e de
objetivos, os desperdícios e perdas, o retrabalho, os desencontros, os atrasos,
a desqualificação da mão de obra produtiva e gerencial, a inadequação das
ferramentas de trabalho, entre muitos outros, são fatores que concorrem para a
nossa baixa produtividade e residem no dia a dia das empresas. Resultam no que
somos hoje. Os conceitos e técnicas de Lean Six Sigma podem contribuir
efetivamente para reversão desse quadro.
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