UM FERIADO NA VIDA DE UM AVALIADOR DE EMPRESAS



O feriado de hoje foi dedicado a ficar em casa com a família e concluir um Valuation que estava pendente há algum tempo. Então, vou aproveitar e contar para você este caso, na esperança de que a minha história possa ajudar a ilustrar o que enfrentamos para realizar a avaliação de uma empresa.

Bem, tudo começou com o cliente lhe procurando para avaliar a empresa dele, Normalmente, ele tem um valor em mente, mas precisa de um parecer técnico de um terceiro isento, para que a avaliação tenha credibilidade. Est noção prévia é fundamentada no valor dos ativos e numa percepção subjetiva de aspectos subjetivos como marca, potencial de mercado e crescimento, por exemplo.

Neste caso não havia controles internos que pudessem informar de maneira consistente os dados necessários. Não foi possível sequer levantar o fluxo de caixa do ano anterior pelo método direto. As únicas fontes de informação foram os demonstrativos contábeis, ou seja, balanço e DRE. A gerência afirmou que eles representavam bem as operações do negócio.

No andamento dos cálculos, os resultados foram bastante dispersos, indicando que a base de dados tinha bom grau de inconsistência. Quando isso ocorre, o trabalho para concluir o Valuation, é comprovadamente maior. Fica a primeira lição. Quando não houver uma boa base de dados, pode ficar certo que você vai ter problemas para chegar no final. Outra coisa: Cobre mais caro.

Tentei três modelos para concluir o trabalho, de fontes diferentes. Um que aprendi no INSPER, outro da FDC e outro que aprendi em livros. Todos usando o fluxo de caixa descontado, mas cada um com suas peculiaridades. No mais completo e complexo, tentei incluir o risco no cálculo através do Beta, mas a muito provável inconsistência dos dados e a exiguidade de conteúdos sobre o mercado onde a empresa atua, praticamente impossibilitou esta opção. A mesma coisa aconteceu com a taxa de retorno esperado para o capital próprio. Para chegar nesta conclusão, tive que montar o modelo, inserir as variáveis e testar. Ou seja: Mais trabalho.

Quando as ferramentas matemáticas não apontam resultados razoáveis, é preciso usar o bom sendo para adaptá-las e desenvolver alternativas para continuar. Tive que mesclar soluções de dois modelos diferentes e adotar algumas considerações para enfim chegar ao resultado. Ou seja, mais trabalho para elaborar o laudo. Nisto, o dia foi embora e já era noite. Meu feriado foi quase que totalmente consumido pelo Valuation. Nem estou contando as outras vezes em que me detive no mesmo caso para levantar os dados. Isto é só a conclusão.

Após constatar finalmente o valor da empresa, somando os valores presentes dos fluxos de caixa projetados e da perpetuidade, você chega na fase determinante. Principalmente quando esse valor é menor do que a expectativa do cliente ou menor do que o património líquido da empresa, indicando que o negócio está sub aproveitado, com baixos retornos para os investimentos que foram feitos e com baixa lucratividade.

Mais outra etapa se aproxima. Explicar isso tudo para o cliente, de uma maneira que ele compreenda. Logicamente, na grande maioria das vezes, ele não sabe o que é custo médio ponderado de capital, valor presente, ou muito menos, tem noção de como um Valuation traduz a eficiência da gestão de um empreendimento, sem que seja preciso sequer pisar nele.  

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