SOBRE GOVERNOS E PESSOAS

Não sou um cientista político nem tão pouco um filósofo que pretende definir a vida dos outros, no entanto guardo comigo a impressão de que um governo existe para promover o bem-estar da sociedade que o sustenta. Não sendo assim, não existe razão para que este governo continue ou mesmo exista. Governos que não servem à sociedade, são retratos perfeitos de organizações opressoras e exploradoras, algo que devemos expurgar de nossa contemporaneidade. Os governos possuem papel preponderante na construção das sociedades, influenciando e determinando não só o seu futuro como a sua natureza. Da mesma forma as sociedades também impactam em seus governos, embora que com menor poder de influência e menos mecanismos de coerção.

Acima de debates ideológicos, aqui para nós fenômeno antiquado de 50 anos atrás, ou acima de discussões partidárias, algo por demais medíocre diante da grandeza de um país, procuro enxergar fatos concretos que sinalizam que tipo de sociedade o governo brasileiro está criando com as suas práticas, exemplos, atos e discursos. Não me restam dúvidas que os atuais governantes desejam e empreendem uma modificação na estrutura social brasileira. A questão é se esta modificação é boa ou má. Se esta mudança está trazendo benefícios para a população ou não. Se esta alteração está sendo feita com fundamentos que edificarão a nação. Isto é o que importa. 

Comecemos pela casa que todo ser humano precisa ter, assim como toda família anseia. Para aquelas de baixa renda, sim governo tem realizado ações para provê-las de moradias melhores. Já para a faixa da população de renda média não identifico atitudes favorecedoras. Passemos pela alimentação, insumo sem o qual ninguém sobrevive. Neste aspecto os erros da política econômica se encarregam de elevar preços, retirando da mesas das pessoas as possibilidades que elas conquistaram ao longo dos últimos anos. Tem sido um processo lento mas constante. Quando o assunto é saúde, mergulhamos no verdadeiro caos. Muito mais preocupado em favorecer ditaduras caribenhas com o dinheiro do brasileiro, do que reverter este dinheiro em seu benefício, o que temos são hospitais sucateados, mal administrados, personificando todos os dias um imenso desrespeito à vida das pessoas, salvo valorosas ilhas de excelência, que existem mais pelo esforço individual do que por uma conjuntura favorável. Todos os dias, pessoas morrem sem assistência, por negligência ou descaso, nos hospitais brasileiros. E as providências desse governo foram até o momento ineficazes para resolver essa questão. Neste ponto ele fomenta uma sociedade que chora pelos seus mortos, sem ter a quem recorrer, desvalorizando o bem mais precioso que um ser humano pode ter que é a sua saúde.


Na educação o mesmo cenário se repete, com escolas e universidades mais preocupadas com a ideologia do gênero do com um português e matemática, novamente ressalvadas as boas e valiosas exceções. A indisciplina e o desrespeito, que assistimos em tantos outros locais da sociedade, estão começando e aflorando dentro das escolas, ilustradas por agressões a professores, ataques aos alunos e um baixo desempenho no aprendizado. A política assistencialista e eleitoreira de bolsas e programas de financiamento não resolve esta situação. Neste ponto estamos afundando as próximas gerações, em um redemoinho de mediocridades e equívocos, quando este governo preocupa-se mais com doutrinação marxista do que com pesquisa, ciência, tecnologia e desenvolvimento. Não fosse a iniciativa neste sentido de grupos e expoentes isolados, estaríamos imersos no mar de escuridão digno da idade das trevas. A impressão que tenho é que o modelo educacional brasileiro está criando jovens que pensam que podem tudo, mas para isso não sabem nada.

As ruas, calçadas estradas por onde andamos são um caso à parte. Abandonadas à própria sorte e superlotadas de veículos, tanto o sistema público de transporte como as alternativas privadas estão caminhando rumo ao colapso. Desconforto, trânsito caótico, desrespeito com todos sendo tratados como gado, são rotinas diárias em quase todas as cidades brasileiras. E elas não são poucas. E não conseguimos ver nenhuma providência para melhorar esta mobilidade, dando a certeza que estamos entregues à própria sorte. Isto porque quando falamos em autoridades e servidores públicos eleitos ou não, nossa via crucis aumenta exponencialmente, com todos os dias estampados nos jornais escândalos de corrupção e maus exemplos das lideranças que deveriam estar conduzindo o país para dias melhores.

Então podemos nos perguntar, qual tipo de sociedade este governo está construindo. A resposta pode ser dada com os sinais que recebemos todos os dias. Um governo assim, seja ele de quem seja, não pode subsistir. Não caia na chantagem de ter que engolir tudo isso, e pagar a conta no final do mês, só porque eles se dizem os paladinos da justiça social, pois isso é apenas uma falácia. Também não caia na armadilha de pensar que eles são o governo dos pobres pois enquanto estiveram no poder, as grandes corporações ganharam muito mais dinheiro do que o gari que tenta limpar a sua rua. A sociedade que eles estão criando é um modelo bizarro, deformado fadado a implodir, porque é fruto de percepções e conhecimentos erradas sobre a realidade que nos cerca. Nenhum governo por melhor que seja, pode perpetuar-se no poder, sob pena de tornar-se um grande causador da desgraça da sociedade que assim procede. 



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