DESMISTIFICANDO O DINHEIRO

Os desejos e vontades do ser humano são infinitos, mas os recursos para atendê-los não são. Como lidar com isso talvez seja uma das grandes questões do ser humano, tanto no aspecto individual como coletivo. Não é incomum que nos percamos nesta dualidade, que quando mal administrada pode trazer grandes problemas. Quem vive apenas na primeira vertente, pode descolar da realidade ou ser eternamente frustrado. Quem vive na segunda vertente, por outro lado, pode tornar-se alguém limitado justificando sua própria insegurança. Os sábios já disseram que a perfeição não se encontra nos extremos e sim no meio, portanto o ideal é conhecer as duas e lidar com elas de forma a encontrar um ponto de equilíbrio. 

Um dos conceitos para a Economia, enquanto disciplina de conhecimento, é compreendê-la como a ciência da escassez. Neste conceito está intrínseco o dilema entre recursos restritos e necessidades ilimitadas. Quanto mais cedo compreendemos sobre esta dicotomia, mais rápido podemos obter melhores resultados, sofrendo menos as consequências de ignorar condição tão importante na existência humana. Surpreendentemente, lidar com o dinheiro na atividade que costumamos chamar de Finanças, pode ser bastante esclarecedor para descobrirmos e evoluirmos nestas questões fundamentais da humanidade.

Como qualquer outro recurso, o dinheiro é um recurso finito. A quantidade de moeda que circula na economia, é controlada pelo Banco Central. Mas que isso ele pode perder ou ganhar valor em função da forma que é utilizado. Ao contrário do senso comum, o dinheiro não acaba, ele apenas muda de mão, exercendo uma das suas grandes características que é a facilidade de transitar. Assim quando alguém está sem dinheiro na verdade ele apenas não soube lidar com os mecanismos que o fazem parar em suas mãos, ou mais ainda, mecanismos que o fazem multiplicar-se em suas mãos. Logicamente, não estou aqui me referindo as práticas desonestas e por isso mesmo medíocres que um grupo de brasileiros realiza para obter ganhos financeiros. Quem burla as regras do jogo, na verdade é um incapaz, e não alguém mais inteligente ou esperto, como pensam muitos por aqui. Estou certamente me referindo às técnicas que podem ser perfeitamente aprendidas, condutas e procedimentos que da mesma forma podem ser transmitidos, que permitem ao seu conhecedor e praticante, aferir e obter melhores desempenhos financeiros, tanto no universo pessoal como empresarial. 

Lidar com dinheiro, é saber lidar com a restrição. Planejar continuamente a sua aplicação e controlar incansavelmente a sua movimentação. Você pode pensar que isto não tem nada de natural, engrossando o coro daqueles que sem conhecimento de causa, alardeiam aos quatro cantos do mundo que o dinheiro é o maior mal do planeta e deve ser destruído, o que nos levaria de volta a idade da pedra. Porém, planejar e controlar é o que fez a nossa espécie chegar até onde nenhuma outra chegou. Nós fazemos isso continuamente, todos os dias, o tempo inteiro. para qualquer coisa que realizamos. E saber lidar com a restrição é saber lidar com a perda, uma das coisas mais difíceis e necessárias na vida, algo que tem a ver com humildade, e nada com ostentação. Saber lidar com dinheiro também é saber lidar com precificação e quantificação, condições imprescindíveis para avaliar e decidir. Dinheiro traduz necessariamente aspectos abstratos, mas é um esforço humano de tangibilizar o imaterial. Tanto que ele não vale por si só, mas pelo que pode proporcionar. Milhões de dólares numa ilha deserta podem valer menos do que água de côco. 

Muitos acreditam que acumular é a melhor maneira de lidar com ele. Na verdade não é. Dinheiro tem uma natureza efêmera. Ele faz de tudo para escapar. Não gosta de ficar muito tempo parado, pois nasceu para a circulação. Então, a melhor coisa é fazê-lo girar, mas isso exige sabedoria e conhecimento. Quem não se dispõe a isto, tende a ser um simples acumulador, não um gerador de riqueza. São coisas diferentes.  Quanto mais o dinheiro circula, mais benefícios distribui. Quanto menos circula, menos eles são. Na condição de meio de troca, ele tem a propriedade de apreender valor e distribuí-lo. Romper o preconceito com ele, vencer os mitos e aprender os seus mecanismos é o primeiro passo para uma boa convivência. 





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