A REITERADA RELEVÂNCIA DOS CONTROLES INTERNOS
A reviravolta
no recente caso de assassinato do empresário alagoano, nos remete a outra
situação relevante, desta vez dentro das empresas e não mais na violência das
ruas. A alta incidência de fraudes no cotidiano corporativo brasileiro.
Como já
tinha escrito desde outubro de 2011, existem pesquisas que informam dados
importantes sobre esta ocorrência. Empresas dos setores de química, varejo, farmacêutico,
automotivo, infraestrutura, construção, bancos seguradores, informática,
eletrônica, petróleo, gás, transporte, logística, telecomunicações, papel,
celulose, energia, dentre outros, são consultadas. São empresas com estrutura,
com faturamento que vai de 100 milhões a mais de 5 bilhões ao ano. Mesmo assim,
quase 70% delas alegam que sofreram fraudes nos últimos 2 anos. Mais de 60%
vieram de funcionários da empresa, porém 14% vieram de prestadores de serviços,
13% de fornecedores, 8% de clientes. Cerca de 51% dos funcionários fraudadores
estava no nível operacional, 21% na chefia, 22% na gerência e 4% na direção. 78%
eram homens, a grande maioria com idade entre 26 e 40 anos. Todavia, cerca de
30% tinham entre 41 e 55 anos. 51% ganhavam entre mil e três mil reais, 24%
entre três e seis mil reais, e 23% acima de seis. 41% com 2 a 5 anos de casa,
20% entre 6 e 10 anos e 23% com mais de 10 anos. Quase 80% das fraudes costumem
ser de menos de 1 milhão de reais, e 70% não é recuperada. Os tipos de fraudes
identificados são falsificação de documentos e cheques com 30% de incidência, roubo
de ativos incluindo dinheiro com 25%, notas frias com 14%, contas de despesas
com 12%, propinas com 12%, compras para uso pessoal com 5%, entre outras. Os
números nos dão uma noção do tamanho do problema e da sua característica.
As empresas
acreditam que a perda de valores morais, a impunidade e até problemas
econômicos são fatores que concorrem para a alta ocorrência de fraudes no
Brasil, mas reconhecem que a deficiência nos controles internos, são
circunstâncias facilitadoras em cerca de 65% dos casos, e 93% apontam que a
melhoria deles é medida necessária para evitar novas fraudes. Os controles
internos são procedimentos de verificação e checagem do fluxo financeiro e de
materiais de um negócio, normalmente feitos e implantados por consultores,
auditores internos ou externos. Eles tem o objetivo de dificultar a fraude e
tornar mais rápida a sua identificação. A experiência profissional tem
demonstrado que a informalidade e a pessoalidade, típicas do cultura
organizacional brasileira, fomentam bastante a existência de fraudes em um
negócio. Principalmente, em empresas de menor porte, onde a relação do
proprietário ou gestor é mais próxima com os funcionários, costuma-se constatar
a prática de confiar nas pessoas mais do que nos controles.
Os
controles internos também facilitam a configuração da fraude, pois seu foco encontra-se
voltado para os números, documentos, fatos, procedimentos e processos, e não para
as pessoas. Esta configuração pode servir de fundamento no caso da empresa
desejar alegar justa causa, ou mesmo, abrir inquérito policial. Não é raro, os controles
apresentarem evidências das fraudes cometidas, como fruto dos cruzamentos, dos
testes de consistência e documentação, das verificações nos sistemas, das
observações de um olhar de fora do negócio, sem estar envolvido com a rotina do
mesmo e seus laços pessoais. As vezes, é possível e preciso inclusive, fazer
verificações fora da empresa ou adentrar nela sem revelar o intuito para
facilitar a constatação necessária. A cada exemplo que a vida nos apresenta,
parece ser mais producente investir em prevenção.
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