UMA BOA LIÇÃO DE JACK WELCH

Os custos com pessoal são sempre relevantes nas empresas brasileiras. Isso porque, além do salário, elas pagam 70%, 100% a 120% de encargos sociais, benefícios e obrigações vinculadas a folha. A mobilidade também é difícil e cara. Obter bons colaboradores exige investimentos em processos seletivos e treinamentos, pois o sistema educacional na grande maioria dos casos não entrega pessoas prepararas para as tarefas que o mercado de trabalho precisa. Mudar pessoas de função exige cuidado, para não ferir regulamentações sindicais e a CLT, causando mais despesas se houver descuidos. Demitir então nem se fala, além das verbas rescisórias, a empresa paga o ônus imposto pelo Estado, com aumento no aviso prévio por tempo de serviço e multa rescisória sobre o FGTS, além da burocracia peculiar dos processos nacionais. Certa vez, ouvi de uma empreendedora a grande verdade: "O Brasil faz de tudo para a gente não contratar !"

Reitero que pessoas são fundamentais em um empreendimento, mas o Estado brasileiro, realmente faz com que isso seja complicado, lento e bastante oneroso. O resultado é desastroso. Gerir pessoas em um negócio é portanto um grande desafio. Já é no mundo inteiro, mas por aqui como sempre, é maior ainda. Por isso, considero recomendações de gestores experientes mais na prática do que na teoria, quando esse é o tema. Isso possibilita menos perda de tempo e dinheiro. E na situação em que as empresas se encontram no país, são duas coisas bem valiosas. Logicamente, nada substitui todo o trabalho, conhecimento e know-how da área de Recursos Humanos. Mas, também não dá para fechar os ouvidos quando quem fala é Jack Welch, um executivo que foi 20 anos CEO da GE, e que neste período obteve o aumento considerável do valor da companhia. Em 2000, foi nomeado Gerente do Século pela revista Fortune. Em 2005, foi eleito o CEO Mais Admirado dos últimos 20 anos pelos leitores da revista Chief Executive e o Maior Líder Mundial da atualidade em uma pesquisa realizada pela revista Fast Company. Em um de seus livros, Welch ensina um valoroso modelo para lidar com pessoas no trabalho. Já tratei dele aqui no blog, porém cada vez mais é necessário reiterar aquilo que é útil, bom e principalmente simples para ser aplicado. Vamos a lição do Mestre então. 

Todas as pessoas em um business se dividem em 20%-60%-20%, ou simplesmente, 20-60-20. Nos primeiros 20%, estão as pessoas acima da média, que conseguem resultados de excelência. Que possuem motivação, capacidade e comprometimento diferenciados. O seu papel é identificar logo estas pessoas e apoiá-las o máximo que puder na empresa. Elas é que puxarão o negócio para frente e para cima. Os últimos 20% são as maçãs estragadas no cesto. Não só estão estragadas como estragam as demais. Livre-se delas. Empresa não é lugar de terapia. E toda vez que você capitular com uma destas ou for bonzinho com elas, ainda vão ficar com raiva de você no final. Os outros 60% irão pender para um lado ou para o outro, a depender de quem possui mais influência no negócio. E isto vai definir para onde o seu negócio irá. 

O modelo de Welch é simples. É tão simples que somos tentados a desacreditá-lo. Mas é bom e eficaz. Qualquer gestor pode compreendê-lo e aplicá-lo. Se quiser. E se não quiser, depois não fique reclamando do mal que 20% causam nos demais, pois você é quem deixa. Jack, como gostava de ser chamado valoriza a franqueza. Eu também. Então para de procastinar, e comece hoje mesmo a fazer o que precisa ser feito para a sua equipe obter melhores resultados e consolidar uma cultura organizacional de eficiência no seu negócio. 

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