PENSANDO A ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO EMPRESARIAL

Uma empresa é formada por capital de curto e longo prazos. No curto prazo, está o capital que circula nas operações do negócio, resultado das vendas recebidas, das vendas ainda não recebidas, nos itens que são utilizados para produzir receitas, e nas contas ainda não quitadas mas cujos gastos já foram incorridos ou reconhecidos. Em outras palavras ou como costumamos dizer, no caixa, bancos, contas a receber, estoques e contas a pagar. Este é um tipo de capital volátil e muito dinâmico. Seu nível muda a cada operação de desembolso e recebimento, cada venda faturada, cada compra parcelada, enfim, a cada fato cotidiano da empresa. Já no longo prazo, está um capital mais estável e perene, normalmente composto de recebíveis com prazo mais dilatado, terrenos, prédios, maquinas, equipamentos, móveis, participações em outras empresas, veículos, patentes e marcas. 
 
 
 A determinação do tempo exato que define curto e longo prazos varia de acordo com o critério. Contabilmente, por exemplo, o horizonte de um ano é utilizado para definir o horizonte de tempo para o curto prazo. Em termos financeiros, isso pode chegar a um mês. O importante, é compreender que em se falando de rentabilidade, a empresa ganha mais no longo prazo do que no curto prazo. E isso se dá também porque o risco é maior quando o prazo aumenta. O capital circulante, ou de curto prazo, é necessário mas tem uma rentabilidade menor, por isso, a melhor maneira para definir seu nível ideal é a palavra suficiente. Ele deve ser o suficiente para a empresa operar, dentro de um patamar de risco gerenciável. Se for demais, a empresa estará alocando recursos em ativos cuja rentabilidade poderia ser maior. Se for de menos, pode estar comprometendo a lucratividade do negócio, com despesas financeiras que poderiam ser evitadas, ou entraves na operação.

Portanto, existe uma perda para as empresas que operam sempre e mais no horizonte de curto prazo. Perda em termos financeiros e em termos estratégicos, pois ao privilegiar o imediato, concentrando nele suas forças e empenho, acaba negligenciando a parte do empreendimento onde conseguiria melhores taxas de retorno. Intuitivamente, podemos imaginar isso, se pensarmos em duas empresas diferentes, uma que mantém seu capital de curto prazo em níveis necessários para operar, destinando seus recursos para ativos tangíveis e permanentes, como por exemplo, novas unidades, e outra, que prioriza seus recursos no curto prazo, seja nos estoques ou contas a receber. Após 10 anos de operação, qual você acha que estará melhor?

Perceber esta diferença na natureza das aplicações de capital na empresa, é fundamental para que o empresário se desenvolva. Sempre que tiver condições, ele deve investir em ativos de longo prazo, desde que isso não prejudique o seu dia a dia, no caso, o seu capital de curto prazo ou de giro, como comumente costumamos chamar. Girar o negócio é muito bom, pois é disso que também vem o lucro, no entanto, restringir-se somente a isso, pode levá-lo a estagnar, aumentando sua vulnerabilidade diante do mercado. Viver somente no giro, pode dar tontura.

 
Artigo de minha autoria publicado originalmente no site da ANEFAC-SP
http://www.anefac.com.br/paginas.aspx?ID=756

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PROBLEMAS SISTÊMICOS PEDEM SOLUÇÕES ESTRUTURADAS

O QUE É A PATOCRACIA

QUEM CARREGA O PIANO ?