MELHORANDO A QUALIDADE DA MÃO DE OBRA
Uma das reclamações mais comuns no meio empresarial
brasileiro é a baixa qualidade da mão de obra. Com um sistema educacional cheio
de defeitos como o nosso, não é de se esperar outra coisa. Deficiências em
português e matemática são salientes. Mais que isso, dificuldades de pensar
racionalmente, de compreender um problema, analisar as soluções e escolher a
melhor delas também entram na lista, assim como, dificuldades de conviver em
grupo, de respeitar os limites do outro, de trabalhar em equipe, de compreender
o que é responsabilidade. Tudo isso se aprende na escola, antes da entrada na
faculdade. Pelo menos se deveria. Se no Brasil, esta reclamação domina o
imaginário corporativo, o que dizer de Alagoas, um estado que há mais de 10
anos ocupa os piores lugares no ranking de IDH do país? Por aqui, a
situação é bem pior.
Este quadro, no entanto, exige do empresariado uma
nova maneira de abordar o problema, pois de nada adianta ficar reclamando e
sofrendo as consequências negativas. Quem deseja bons colaboradores, precisa
fazê-los. A empresa precisa investir nos seus recursos humanos como investe em
uma máquina ou em uma nova unidade. E neste caso, o investimento precisa ser
bem feito para não se tornar dinheiro jogado pelo ralo.
Quando uma empresa pensa em investir em um
colaborador, normalmente ela pensa em pagar um curso para ele. Essa escolha é
acertada mas o conteúdo precisa ser escolhido com cuidado, para que tenha
utilidade prática no negócio. Do contrário, não é investimento. É doação. Na
verdade, o ideal é que todo pessoal da empresa, tenha no mínimo 30 horas anuais
de treinamento na função que exerce, sendo metade de conteúdo teórico e metade
de prático. No mínimo.
Os benefícios como plano de saúde e outros, servem
mais para fidelizar o contratado do que para aperfeiçoar o seu desempenho.
Portanto, devem ser tirados da lista dos investimentos. Já os bônus e
gratificações atrelados ao resultado, devem permanecer nela, porque estão
condicionados a um certo retorno. No entanto, existe um investimento imbatível
quando o assunto é elevar a qualidade das pessoas: O salário. Não adianta
querer bons colaboradores se você paga maus salários. É a mesma coisa de pagar
o preço de um Uno 1998 e querer uma Toyota Hilux completa. Sim, porque o
salário é o preço que você paga pelo trabalho e como todo preço, ele define a
qualidade do que você compra.
Esta tendência das empresas de querer o máximo de
qualificações pagando bem menos do que exige, podemos perceber nos anúncios de
vagas. São verdadeiras descrições de super-homens mas nem sempre a remuneração
é condizente com as competências que se pedem. Tanto, que ouvi uma história
engraçada de um headhunter após ler uma descrição de perfil que recebeu de seu
cliente. Contou ele, que perguntou se o cliente já tinha encontrado alguma vez
na vida, aquele perfil que estava pedindo. Qual foi a a sua surpresa, quando
ouviu um inequívoco e certeiro não.
Ao pagar bons
salários ao pessoal, a empresa está elevando a qualidade de vida dos
colaboradores e possibilitando que eles invistam neles mesmos. Está definindo
logo no preço, o nível de profissional que deseja em seu quadro e certamente
acabará encontrando. Por isso, da próxima vez que você pensar em reclamar da
mão de obra que você tem, talvez seja mais produtivo você se perguntar o quanto
está investindo para melhorá-la.
Artigo de minha autoria publicado originalmente no site da AB Escola de Negócios
http://www.abescoladenegocios.com.br/blog/melhorando-qualidade-mao-obra/
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