JUROS COMPOSTOS TRADUZEM O AVANÇO DA VIDA
Não podemos dizer
que este é um assunto pouco abordado. Na verdade, existem muitas pessoas que
explicam, comentam e opinam sobre ele, inclusive eu. No entanto, ao perceber
que pessoas esclarecidas e inteligentes ainda possuem um conceito que pode ser
ampliado, é importante voltar ao tema. Vamos conversar sobre a capitalização
composta, ou como comumente costumamos falar, o método de juros sobre juros.
Chamado
juridicamente de anatocismo, esta forma de capitalizar ainda é vista por muita
gente bem informada, como um artifício maléfico, uma espécie de invenção
ardilosa para prejudicar as pessoas comuns. Pior do que isso, é visto como
crime. Um crime que seria praticado diariamente pelos bancos e instituições
financeiras, pois o fato é que o mercado financeiro funciona usando este
critério no Brasil e no Mundo.
A capitalização
composta se caracteriza pelo fato de remunerar os juros, assim como o capital
inicial. Desta forma, gera um crescimento exponencial ao longo do tempo.
Exatamente por isso, muita gente a vê com desconfiança, mas é exatamente por
isso que ela é um método mais adequado à realidade. Isso porque, considera e
incorpora a geração de valor como plataforma para a geração de mais valor. Se
você prestar atenção, as coisas funcionam da mesma forma na vida.
O aprendizado, por
exemplo, funciona da mesma maneira. Seja ele científico ou não. Quando você
está lendo este artigo, está usando um saber que foi adquirido antes, no caso a
leitura. A leitura não só foi adquirida, como foi incorporada, e com base nela
você está compreendendo o que digo. Você não volta para a alfabetização, todas
as vezes que precisar ler. A mesma coisa na matemática. Para resolver uma
equação, você não volta para aprender as quatro operações, pois isso já foi
incorporado ao conhecimento. Sem esta incorporação, não haveria avanços na
ciência porque as pesquisas sempre teriam que começar do zero, sem considerar o
que foi devidamente descoberto no passado ou por outro pesquisador.
Voltar ao ponto de
partida sempre, impediria que alguém completasse o caminho de Santiago, pois a
cada parada teria que voltar ao começo. Também impediria que um atleta surfasse
a maior onda do mundo porque teria sempre que começar com as menores, como
fazia no começo da carreira. Todavia, talvez a compreensão fique melhor quando constamos
os efeitos deste tipo de capitalização numa situação inversa, já que
habitualmente as críticas só existem nos financiamentos. Vamos abordá-lo pela
ótica dos investimentos. Imagine que você tem R$ 100.000,00 e guarda em uma
caderneta de poupança. Como o seu dinheiro ficará à disposição de terceiros,
você tem direito a uma remuneração. Nada mais justo. Digamos que esta
remuneração seja de 1% por cada mês que você deixe o dinheiro lá, o que faria
você ter direito a R$ 1.000,00 ao final dos primeiros 30 dias. Agora imagine
que você não retirou esta quantia que soma agora R$ 101.000,00. Mesmo assim,
mês após mês, o banco continuaria remunerando apenas o capital inicial de R$
100.000,00, desconsiderando os rendimentos. Certamente, você iria reclamar,
pois ele estaria usando o principal e os rendimentos que você não sacou.
Certamente, os mesmos que criticam a capitalização composta reclamariam. Ora,
se você não retirou o dinheiro do rendimento, o correto é que ele seja
considerado na hora de remunerar seu investimento. Sem isso haveria uma grande
perda para você. E esta perda se acentuaria quanto mais tempo você deixasse o dinheiro
lá, quando deveria ser exatamente o contrário.
Talvez o que acontece, é que no intuito de reduzir o impacto do pagamento, se questione o regime composto, mas nunca vi ninguém reclamar dos bancos porque ele adotou este regime na hora de capitalizar o investimento. Se assim fosse, seriam dois pesos e duas medidas para a mesma moeda, porque pagamento e recebimento, financiamento e investimento, são dois lados da mesma operação. Se o sistema financeiro remunerasse você com juros compostos e recebesse o que você pagasse para ele a juros simples, quebraria na certa elevaria a economia inteira junto. O regime de composto de capitalização, é na verdade uma forma adequada de representar matematicamente, o que a vida nos ensina todos os dias. Aquilo que você conquista hoje, pode e deve ser usado para que você conquiste mais coisas amanhã.
Artigo publicado originalmente no site DINHEIRAMA.
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