PISE NO CHÃO NA HORA DE EMPREENDER
Um empreendimento é um projeto de vida. Nele o
empresário aloca os seus sonhos e as suas expectativas, seu tempo e seu
dinheiro. Ele vai adiante porque acredita no negócio. Ninguém começa um achando
que é o pior do mundo. Pelo contrário, imagina que vai dar certo, que será um
sucesso, que tudo correrá como foi imaginado. Acontece que esse envolvimento
pessoal pode ser exatamente o que pode prejudicar, pois a emoção não é uma boa
companheira para todas as horas. Principalmente, àquelas relacionadas com investimentos.
Sim, porque um empreendimento é na verdade um projeto de investimento. Ele deve
ter um capital empregado e um retorno favorável. Para lidar com isso precisamos
ser racionais. Então, a primeira coisa a fazer antes de começar um
negócio, é separar o sonho da realidade. No primeiro estão reunidos aspectos
subjetivos nem sempre contemplados na segunda. O primeiro inspira mas é na
segunda que o jogo acontece. O primeiro está nas alturas e a segundo aqui no
chão. Começar um negócio tendo uma noção dos números não é suficiente. É
preciso ter mais que uma noção. É preciso ter certeza e fundamentos. É preciso
ter um projeto. Um plano de negócios no papel. Os números são a conexão com a
realidade. Servem para aterrizar o empresário na plataforma segura e possibilitam
que ele dê os 2 passos necessários e acertados nessa caminhada. Mas alguns
seguem um roteiro diferente. Imaginam que o negócio é bom, agarram-se neste
sonho, fazem duas contas de cabeça, tiram um financiamento e pronto! O negócio
estar no ar. Literalmente. O caminho não é bem esse.
O primeiro passo a dar é definir bem o investimento
inicial. Por mais que seja óbvio, muitos não fazem isso como deveriam. Essa
escolha acaba sendo a mais cara pois começam a aparecer gastos em cima da hora
que poderiam ser evitados. Definir bem o investimento inicial significa
levantar quanto realmente você vai gastar em tudo para que o negócio comece
e funcione nos primeiros meses. Devem ser considerados terrenos,
edificações, veículos, equipamentos, máquinas, móveis e utensílios, comunicação
visual, mídia de lançamento, capacitações, pesquisas, avaliações e
regularizações, necessários para começar a operar. Além disso, para
funcionar nos primeiros meses esta conta deve garantir entre 30 a 90 dias de
estoque e de 3 meses a 5 meses de capital de giro. Tudo isso no papel.
O segundo passo que o empreendedor deve dar, é
identificar a fluxo de caixa operacional do negócio que é algo diferente da
margem de lucro. O fluxo de caixa informa o saldo de dinheiro ao final de um
período. Ele é resultado dos recebimentos e desembolsos que ocorrem no negócio
oriundas das suas operações típicas. O fluxo de caixa reflete a política
de prazos da empresa e a velocidade de vendas. Já o lucro reflete a eficiência
econômica e não sofre os efeitos dos prazos praticados. O ideal é projetar o
fluxo de caixa para 12 meses a fim de incorporar a sazonalidade das
receitas. Com ele identificado, é possível descobrir a capacidade de
endividamento do negócio. Por incrível que pareça, tem gente que pega dinheiro
no banco sem saber direito se vai poder pagar. A capacidade de endividamento
está contida no seu fluxo de caixa mas não está sozinha. Ela está acompanhada
do lucro e do capital de giro. A prática financeira estabelece um percentual de
30% da renda para as pessoas físicas se endividarem. Para as empresas não
existe este referencial, mas se você adotar este patamar de até 30% do saldo do
fluxo de caixa operacional, não estará fazendo besteira. Dessa forma, se seu
saldo médio for 100.000 reais, separe até 30 para pagar as obrigações com o
banco. Desde que o empréstimo não seja para capital de giro e sim para expansão
e investimento.
Artigo publicado no blog da e-Gerencial
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