DECISÕES COM NÚMEROS SÃO MELHORES
Os gestores
brasileiros costumam tomar decisões que não estão fundamentadas em números. Essa
é uma verdade dura mas que precisamos encarar. Eles costumam fazer uso da
experiência, da intuição e da referência para decidir, mas nem sempre estes
recursos são suficientes para colocar a empresa no rumo certo. Não é raro
encontrar empresas que entraram em dificuldades por causa de decisões tomadas
desse jeito. As decisões brasileiras precisam melhorar para que as empresas
melhorem e com elas a economia.
Existe uma
conjuntura que favorece essa forma de agir, formada pelo excesso de confiança,
pela falta de tempo e pela falta de disponibilidade dos dados. Muitos apoiam-se
sobre maneira da experiência e no poder do cargo. Adotam um modelo do tipo
“sempre foi assim”, mas o passado quase nunca é igual ao presente e ao futuro,
pois novas variáveis estão sendo incorporadas todos os dias. A plataforma de vivências
anteriores ajuda muito mas gera confiança em demasia, e esta confiança faz com
que os números sejam muitas vezes negligenciados. A correria do dia a dia
também é outro fator que inibe a consulta e a análise numérica. A ditadura da
urgência tem sérias consequências sobre a qualidade do funcionamento das
organizações e sobre as decisões que nelas são tomadas. Frequentemente falta
tempo para tomar decisões mais racionais e fundamentadas. Mas além disto,
faltam dados disponíveis e acessíveis. Muitos gestores queixam-se disso
inclusive. As informações não chegam na hora que deveriam chegar. As vezes
quando chegam não são consistentes e eles não tem outra alternativa. Terminam
decidindo com o que possuem no momento. Além disso, na falta de melhores
indicadores, usam a decisão por referência, de acordo com as condutas que
outros gestores estão tomando. Este modelo é do tipo “fulano faz eu também vou
fazer” e favorece ao efeito manada. O problema é que cada empresa tem a sua
peculiaridade e apesar da grama do vizinho ser sempre mais verde, as vezes ela
não serve.
As empresas
que possuem mais familiaridade com os números, possuem melhores desempenhos. As
industrias possuem um viés mais numérico do que as prestadoras de serviço e não
é à toa que existem menos desperdícios nas primeiras do que nas segundas. Os
números servem como referenciais fáceis de guardar na memória e possuem o mesmo
significado para todos, ao contrário das palavras que dependem do conceito que
cada um possui delas. Eles facilitam o controle porque através deles podemos
estabelecer padrões, metas e limites inteligíveis. Podemos acompanhar o
resultado. Os números quando bem construídos, são portos seguros em meio aos
maremotos do mercado.
Quanto mais
os gestores brasileiros fizerem uso dos números em suas decisões, melhores eles
serão. Poderão elevar o patamar decisório que costumam ter no ambiente
empresarial, quase como um algorítimo fixo que foi implantado sem suas cabeças.
Por ele, as vendas devem sempre ser levadas ao máximo, quer seja aumentando o
preço ou a quantidade. E por outro lado, os custos e despesas devem sempre ser
minimizados, levando a junção desses dois movimentos ao aumento do lucro. Não
que isso não seja importante, mas acontece que gerir uma empresa hoje em dia,
vai mais além do que esta conta feita na venda da esquina, há muitos anos
atrás.
Artigo originalmente publicado no site da ANEFAC - SP
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