PORQUE AS EMPRESAS CORTAM GASTOS

Diante da redução do mercado e da necessidade de aumentar eficiência, melhorando a lucratividade, as empresas comumente escolhem fechar unidades e cortar pessoal. E isso acontece, independentemente do ramo em que atuam. Em 2012, foram dezenas de anúncios com este teor, envolvendo nomes como Citigroup, Sony, Osram,, Santander, Siemens, Bank of America, Motorola, Avon, Panasonic, Foxconn, Air France, Nokia, Unilever, Credit Suisse, RBS, ING, HP, Gol, HSBC, Ibéria, GM, Barclays, Revlon, IBM, Yahoo, Phillips, PepsiCo, Novartis, Vivend, Kodak e algumas mais.

Sendo grandes empresas com amplitude mundial, cujos balanços e vendas envolvem somas milionárias, poderíamos perguntar porque elas não escolheram investir em mídia, no relacionamento com o cliente, ou desenvolver novos negócios, expandir as receitas, melhorar o funcionamento, otimizar os processos internos, e até agregar pessoal mais qualificado em seus quadros. Todas estas alternativas são razoáveis e podem trazer resultados, alem de não soarem como uma espécie de retrocesso, num "corte na própria carne".

A verdade é que temos gestores diferentes em situações diferentes, tomando praticamente a mesma decisão. Isso se deve ao fato de que eles estão sob o efeito dos mesmos fatores, e não somente porque pessoas e unidades custam caro ou porque todos seriam uns sádicos que adoram desempregar. Por mais incrível que possa parecer, estes fatores tem haver com algo abstrato e invisível, mas fundamentalmente determinante: O tempo.

Aumentar receitas não depende somente da vontade das empresas mas também de elementos externos que fogem ao seu controle. Ela não define a quantidade de dinheiro disponível no mercado por exemplo. Isso significa que os resultados dessa alternativa não se dão de imediato. Melhorar o desempenho das operações apesar de depender exclusivamente da empresa, demanda alocação de recursos financeiros e os resultados também não se realizam logo. Em outras palavras, são soluções de médio prazo.

Já o corte de gastos, seja em unidades ou pessoas, ou mesmo a redução nas operações, não só dependem somente da empresa, como possuem condições de dar resultados dentro do exercício. Ou seja, são soluções de curto prazo com um grau de certeza muito maior. Não é surpresa que decisores racionais, que desejam minimizar o risco e maximizar o retorno, escolham este caminho.

Isso nada tem a ver com questões morais ou sociais. Tão pouco com podar o empreendedorismo ou as  perspectivas de crescimento. Tem a ver com pragmatismo e com salvar a empresa. Também com a estratégia de recolher para depois avançar. E avançar de uma forma melhor. Sobretudo, tem a ver com o fechamento das contas. Contas estas cujo pagamento e equalização não esperam os planos ou os sonhos pois vivem numa dimensão do tempo chamada também de realidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PROBLEMAS SISTÊMICOS PEDEM SOLUÇÕES ESTRUTURADAS

O QUE É A PATOCRACIA

QUEM CARREGA O PIANO ?