ASSÉDIO MORAL COM EXECUTIVOS




Na condição de assalariados e passíveis de demissão, os executivos também podem sofrer assédio moral no trabalho, ao contrário do que muitos possam imaginar. O conceito desta situação é relativamente novo no Brasil, porém a prática existe e precisa ser considerada pois afeta a saúde da organização e do próprio profissional que está sendo vitimado. Pode ocorrer vindo do superior, do colega ou de um subordinado, no entanto, é muito mais comum que venha da pessoa que está em um escalão acima, sendo nesse caso um mal uso da hierarquia. Ele se caracteriza por comportamentos abusivos, frequentes e intencionais, através de atitudes, palavras ou escritos, que ferem a integridade moral e profssional do executivo, colocando em risco o seu emprego e o seu trabalho, que é uma espécie de patrimônio que ele possui, pois daí tira a sua renda.

Pode-se identificar estas condutas nas instruções confusas, contraditórias, imprecisas ou não producentes que ele receba, ou ainda nos bloqueios ao andamento de suas funções. Também na atribuição infundada de erros ao mesmo ou no pedido de tarefas urgentes sem real necessidade.  Aliás, nesse ponto, a sobrecarga de tarefas, sem que se conceda condições materiais e de tempo e para serem realizadas, as missões impossíveis, ou a não delegação de tarefas que lhe competem, também são sinais de assédio. Ignorar as suas contribuições e opiniões, ou mesmo a sua presença, fazer críticas destrutivas, brincadeiras de mal gosto, espalhar boatos maldosos ou mesmo impor horários extraordinários, também compõem o quadro. Além disto, existem situações mais refinadas onde o executivo é solicitado a mentir ou assumir responsabildades e consequencias de atos que não foram seus, também onde lhe são impedidas, modificadas ou deturpadas as suas decisões sobre a equipe, minando a sua autonomia e corroendo suas possibilidades de resultados.

Não é raro que o assediador seja menos competente que o assediado, e que isso seja sabido por todos. Que o assediado não exite em trabalhar mais, inclusive nos finais de semana, feriados e a noite, na tentativa de corresponder as exigências. Normalmente, são pessoas com senso de responsabilidade aguçado, perfeccionistas até, cujos valores, caráter e a condição do cargo inferior não permitem que adotem práticas defensivas do mesmo teor. Também não é raro, que esta situação esconda a intenção de demissão, porque quem assedia na verdade quer o prejuízo do assediado, sendo o desligamento a conclusão do processo. Antes disso, a queda na produtividade é a consequência direta, acompanhada da perda de eficiência. Isso impacta logicamente nos clientes e colaboradores que sofrem as consequencias desta deformação. Na verdade, toda a organização sofre com isso. A criatividade também cai, juntamente com a motivação e a iniciativa, numa espiral que se torna insustentável.

Essa espécie de tortura, termina por adoecer física e psicológicamente a sua vitima e a Síndrome de Burnout pode ser decorrência também do assédio moral que ele está sofrendo. Ela se caracteriza pelo esgotamento físico e mental, precedido da dedicação intensa ao trabalho, descaso com a vida e cuidados pessoais por exemplo. Associada a dores de cabeça, enxaqueca, fadiga,  sudorese, palpitação, hipertensão, dores musculares, insônia, distúrbios gastrintestinais e até crises de asma, essa síndrome pode ser uma das faces negativas do verdadeiro doente, que na realidade é o assediador.

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