NA DIFERENÇA ENTRE GASTO E INVESTIMENTO ESTÁ O FUTURO






Cada vez mais, precisamos compreender que os aspectos puramente não financeiros impactam no universo das finanças de maneira determinante. Os números são uma maneira de expressar uma realidade que foi construída bem antes deles. São como as cartas de baralho em uma mesa, que na verdade expressam quem as jogou. Um bom exemplo disto, é  a distinção entre gasto e investimento e como isso afeta as pessoas e as empresas nos dias de hoje. Em sua essência os dois representam a mesma coisa: Desembolso de dinheiro. Ou seja, o recurso sai do seu caixa e é transferido para o caixa de terceiros. Porém, a forma como encaramos isso se traduz numa grande e fundamental diferença, capaz de determinar no futuro o sucesso ou o fracasso de um indivíduo ou de uma organização.

Em sua concepção clássica, o gasto é um sacrifício financeiro para a obtenção de um produto ou serviço. Por definição, o  sacrifício tem haver com uma oferta aos deuses na esperança que eles concedam algo. E isso depende dos deuses e não de você. Se eles se agradarem, pode ser que deem alguma coisa em troca, mas pode ser que fiquem irados, pode ser que ignorem e não respondam, pode ser que enviem um castigo. Por causa das práticas de sacrifício ao longo da história humana e do arcabouço cristão, entendemos esse processo como algo doloroso, que está relacionado com a entrega despretensiosa em causa nobre, com o sofrimento e o martírio.

Economicamente, o gasto tem haver mais com o consumo que é a fase final do processo que envolve produção, distribuição e comercialização. É de certa maneira o ponto final porque quem consome, simplesmente exaure, esgota parcial ou totalmente o objeto do consumo. No universo empresarial contido na Contabilidade de Custos, o gasto desdobra-se em custos e despesas, com as suas variações de direto e indireto, fixo e variável, operacional e não operacional. Os custos são os gastos para gerar o produto ou o serviço, e as despesas para gerar as receitas ou todos aqueles que não se enquadram como custos. Custos e despesas são necessários para que a empresa funcione e subsista.

Enfim, reunindo todos esses aspectos, podemos concluir que quando uma pessoa ou uma instituição  gasta, ela está na verdade somente abrindo mão de um valor financeiro em virtude de uma necessidade. E que isso envolve perda, não necessariamente recuperável. Já o investimento tem outra construção edificada em outros alicerces. Na economia, investir significa aplicar capital em meios de produção gerando assim maiores resultados. Em finanças, ele refere-se a alocação de recursos financeiros com o objetivo de que isso retorne num montante maior, dada uma taxa de crescimento em um determinado tempo. Essa taxa é o fundamento da geração de riqueza, montado no princípio de que o desembolso na verdade é uma aplicação. O retorno maior é uma espécie de recompensa, pelo risco e pela renúncia ao dinheiro empregado, e normalmente é algo bom. Não é por acaso que quando você fala em gastar, normalmente pensa em um dinheiro que se vai e não volta, pensa numa quantia perdida. E quando fala em investir, pensa em um valor que vai torna-se maior. Quem gasta funciona no curtíssimo prazo. Quem investe, opera no médio e longo prazos. Trabalha com a variável temporal. Gastar e investir são coisas diferentes.

Acontece que esta diferença existe somente em como você encara o desembolso.  E esse simples detalhe pode mudar toda a sua vida e o destino das organizações. Nas suas finanças pessoais, por exemplo, você pode gastar com alimentação ou investir em alimentação. No primeiro caso o foco é o prazer do paladar e a saciedade da fome. No segundo caso, o que está em jogo é a contribuição da comida para a sua saúde e longevidade. Quando você gasta em educação, está simplesmente cumprindo uma obrigação social. Quando investe em educação está capacitando-se para melhorar sua renda. Nas empresas, essa diferença também pode ser observada. Os salários podem ser vistos como um fardo financeiro que deve ser sempre minimizado, ou a contrapartida para um dos mais importantes ativos que guardam a inovação, a superação, as soluções e o crescimento: As pessoas. Um computador pode ser comprado apenas de olho no custo, ou de olho nos benefícios que pode gerar se bem utilizado. Todo desembolso, pode ser um gasto ou um investimento. Depende de como você vê.

O importante é saber que quanto maior for a parcela de investimento em um orçamento doméstico, empresarial ou estatal, maior será a riqueza financeira gerada, maior será o crescimento e o desenvolvimento dessa pessoa, empresa ou nação. Quem somente gasta, compromete o seu futuro e fica como mero expectador na mesa, assistindo e procurando adivinhar a próxima jogada. Quem investe, na verdade está assumindo o seu futuro, precisará menos de adivinhações porque assim estará dando as cartas na mesa da sua existência. 

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