NOSSA INTERESSANTE NOÇÃO DE TRABALHO

Todo mundo já ouviu alguma vez na vida que somente o trabalho constrói. Ele é a força motora da vida. No entanto, ouvir é uma coisa, internalizar é outra completamente diferente. O fato é que as vezes tenho a nítida impressão que o brasileiro tem uma noção completamente equivocada em relação ao trabalho.

Talvez ele pense que trabalhar é uma atividade subalterna, destinada como castigo àqueles que menos valem, assim como a aristocracia pensava serem determinadas tarefas destinadas aos serviçais. Para eles, as atividades ditas mais nobres como a caça, a guerra, o comando, a política, a literatura, a cultura, as artes, e também os banquetes, a critica aos outros, as viagens, a ostentação, as posses, com pressuposto equivocado que seriam melhores do que os demais, portadores de uma espécie de sangue diferente e azul. Muitos brasileiros se portam desta maneira, talvez profundamente influenciados por uma cultura aristocrática, com a qual confesso não me identificar muito bem.



O senso comum parece empurrar as pessoas para isso. Trabalhar no domingo neste contexto, é algo quase impossível. Melhor beber e gastar. Trabalhar muito também parece ser coisa de escravos. Esquecem que quando se faz o que gosta, queremos fazer cada vez mais.  Não tem dia nem hora. Trabalhar muito no que não gosta, é infarto na certa. Se preparar para fazer algo, parece que é coisa de incompetente. O bom é fazer de improviso. Ou seja, obter o resultado sem esforço, quando o contrário é exatamente o que devemos enaltecer. Quem se prepara para fazer algo, tem respeito pelo que faz.

Enquanto tivermos estes fundamentos equivocados sobre o trabalho, estaremos emperrando o nosso desenvolvimento. Nossa educação precisa ser empreendedora e voltada para o trabalho. As crianças precisam aprender que bom é conseguir pelo mérito, e não com favores, proteção e jeitinho. Estes conceitos aparentemente sem importância, estão nos alicerces de uma sociedade voltada para somente desfrutar em vez de produzir.


Se é preciso dar o exemplo em vez de somente falar, estou fazendo a minha parte. Aí vai o meu. Tenho 51 anos e nunca penso em me aposentar. Trabalho de manhã, de tarde, de noite e as vezes de madrugada. Dia, útil, feriado e final de semana. Para relaxar, vou pintar a casa. Estudo, leio, escrevo e sou voluntário em um projeto para melhorar o meu país. E estou muito feliz, obrigado. Certa vez, uma amiga e colega de profissão comentou uma verdade: “Cuidado, um dia vão dizer que você teve sorte !”. Não duvido.

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