UMA LIÇÃO DA TURMA DA MÔNICA


  
 
Hoje no almoço, minha filha de oito anos trouxe para a mesa um gibi da Mônica que ficou entre seu rosto e o prato. O interesse em ler era tanto que o almoço ficou em segundo plano e quando eu a lembrei de alimentar-se ela disse que queria saber como a história ia acabar. Os gibis da Turma da Mônica são realmente muito bons e na mesma hora eu lembrei que tratam-se de um caso brasileiro de sucesso em um ramo até então exclusivo de iniciativas estrangeiras. Igualmente à minha pequena cria, eu também fui leitor assíduo de gibis. Lia Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey, todos da Disney. Com o passar dos anos passei a ler os gibis da Marvel e DC, acompanhando as aventuras do Batman, Super Homem, Capitão América, Thor, Hulk, Homem de Ferro, Homem Aranha, e por aí vai. Mas as histórias da Mônica, sempre foram mais engraçadas além de usarem elementos brasileiros, mais próximos da nossa vida real. Elas chegaram e permaneceram num ambiente habitado por super heróis, graças ao bom humor e aos traços peculiares de uma assinatura: Maurício de Souza.

Curioso, procurei saber então alguma coisa sobre o que estava por trás daquele gibi que continuava mais interessante que a comida. E descobri uma história mais próxima do meu universo do que eu podia imaginar. Maurício começou a publicar seus desenhos em tiras de jornal no ano de 1959, seis anos do meu nascimento. Mônica nasceu em 1963 e portanto é mais velha do que eu. Vários de seus personagens foram inspirados em filhos e amigos. O talento e a perseverança transformaram-se em um grande negócio, numa genuína lição de empreendedorismo verde e amarelo, com todos os ingredientes. Os quadrinhos de Maurício ganharam fama internacional, foram parar na TV, no cinema e nos vídeos games, além de ajudarem a vender muitos produtos da indústria e comércio, ao lado de marcas famosas. Com o maior estúdio de quadrinhos da América Latina, Maurício colocou os filhos para trabalharem com ele e montou inclusive parques temáticos em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Mas o três parques fecharam. O próprio Maurício conta que chegou a acumular 40 milhões em débitos fiscais. Não sabia quanto ganhava nem quanto sobrava, nem sabia se teria dinheiro para pagar a folha no mês seguinte. Fez investimentos maiores que a capacidade de gestão da sua equipe. Teve dificuldades. Trocou todo pessoal e passou a acompanhar de perto os números, ou seja, fez uma reestruturação organizacional e melhorou os controles. Renegociou as dívidas e voltou suas atenções para operações com melhores margens. Conseguiu sair do buraco, exatamente como fazemos com os clientes que atendemos. Fiquei feliz em saber dessa história empresarial. Recentemente falando para uma equipe de líderes de vendas de uma empresa que busca reerguer-se, disse que a torcida apoia mais o lutador que se recupera do aquele que somente bate. É verdade. Todos nós podemos ser grandes, mas os verdadeiros vencedores sabem levantar do tombo. Parabéns a todos os que fazem esta história de superação. Os gibis da Turma da Mônica agora possuem mais significado para mim.


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