MUDE O PARADIGMA SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO
O custo da folha de pagamento sempre
foi uma grande preocupação para gestores e empresários. O estado brasileiro na sede
por dinheiro para financiar o seu enorme tamanho e a própria ineficiência, onerou
a contratação de pessoas ao ponto de mais do que dobrar o gasto mensal com o
trabalhador. Em se tratando de um custo fixo, que independe do volume de
faturamento, a empresa tem na folha uma obrigação que deve ser honrada
mensalmente, quer esteja bem ou mal.
Além disso, a exigibilidade trabalhista é bastante alta, com elevado ônus
de descumprimento embasado na legislação protecionista, e as despesas
rescisórias completam a lista. Sem o devido cuidado, os gastos diretos e
indiretos relacionados com a folha podem inviabilizar um empreendimento.
Sob a ótica financeira, a folha
de salários corresponde à fatura de compra de horas de uma empresa. Nela você
tem as horas compradas, de quem foram compradas e quanto isso custou. Ela demonstra
uma relação objetiva de compra e venda, de um recurso necessário para o negócio
funcionar. Este recurso chama-se horas de trabalho, um dos recursos mais desperdiçados
nas empresas brasileiras. Estimar a relação custo benefício de um recurso
humano não é tarefa simples. Você sabe quanto gasta, mas não afere exatamente
quanto tem de retorno por isso. Como a tendência é sempre minimizar o
sacrifício financeiro, principalmente aqueles cujo retorno é mal definido, isso
acaba por colaborar com salários baixos, que por sua vez estão relacionados com
baixos desempenhos, baixa qualificação, e por conseguinte com perdas por
imperícia, erros, retrabalho e até negligência. O barato sai caro.
A desorganização do trabalho
impacta diretamente no tamanho da folha de pagamento de uma empresa. Ignorar
princípios organizacionais como a divisão do trabalho, definição de cargos,
funções e tarefas, escopo de controle, cadeia de comando, hierarquia, fluxo
unidirecional dos processos, enxugamento de etapas desnecessárias, frequência de
supervisão, metas, indicadores e bônus por resultados, impacta diretamente na
produtividade, levando-a para baixo. Com isso, mais pessoas serão necessárias
para fazer cada vez menos, causando um efeito perigoso que chamo de adaptação
ao trabalho mínimo. Nele, a pessoa acostuma-se a fazer bem menos do que
poderia, porque a tarefa está sendo feita por mais gente do que realmente precisa.
Isto também leva a folha a subir, porque cada vez mais se procura colocar mais
gente em vez de melhorar o trabalho.
Todo este conjunto de fatores,
produz um cenário muito indesejável. Gastos elevados com a folha, salários
insatisfatórios, produtividade abaixo da média mundial e qualidade ruim, principalmente
nos serviços. Uma combinação certa para o atraso. Não espere que o governo vá
mudar isso, pois ele alimenta-se desta conjuntura e a maioria dos políticos não
quer que seja diferente. Eles nem sabem o porquê. Comece mudando os seus
paradigmas sobre a folha de pagamento. Invista nas pessoas e na organização do
seu funcionamento. Prefira pagar mais para menos gente, do que o contrário.
Controle horários, jornadas e tarefas realizadas. Otimize o uso das horas que
você compra mensalmente. Use ferramentas que aumentam a produtividade como
programas, sistemas e equipamentos. As empresas são lugares de uso eficiente de
recursos, incluindo as pessoas que as compõem.
Jogar a culpa no governo pela incapacidade gerencial de sua empresa?!
ResponderExcluirCertamente não, Ednaldo, O que salientei é que o governo onera a relação de trabalho e que a empresa não deve esperar por ele para melhorá-la. Obg pelo comentário !
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