O VÍRUS DO TRABALHO PRESENCIAL

Empresas ajudam pequenos negócios em meio a pandemia do ...





Agora com praticamente todo mundo trabalhando em casa, certamente a ocorrência é bem menor. Mas um dia tudo vai voltar ao normal e o vírus do assédio moral vai voltar a circular no ambiente das empresas. Quanto mais refinarmos a nossa percepção sobre isso, mais o evitaremos tornando o ambiente corporativo saudável e produtivo. 

A grosso modo, assédio moral no trabalho é a conduta frequente de causar constrangimento a outrem, deliberadamente ou não. A questão é que nesse diagnóstico não está somente aquele ato saliente e reprovável de gritar ou ofender o outro, mas também atitudes sutis do dia a dia que muitas vezes passam despercebidas. Então cuidado. Você pode estar infectado sem saber. 

Não é raro nem incomum, quem assedia não perceber o que está fazendo. Ou muitas vezes tentar disfarçar o assédio com justificativas como “eu sou assim mesmo”, “esse é o meu jeito” ou ainda “se não for assim não funciona”. Tratam-se apenas de desculpas evasivas. Você tem o direito de ser quem você quiser. Mas isso não significa que os outros tenham de aturar os seus defeitos.

Já quem sofre o assédio quase sempre percebe mesmo que não consiga explicar o que está acontecendo. Isso porque, sente o desconforto das situações. E são exatamente estas circunstâncias que nos dão boas pistas da contaminação. Por exemplo, o uso continuado de palavras depreciativas para referir-se a pessoa ou ao que ela faz. Pode parecer inofensivo mas tem sua carga viral e normalmente está associada a outras condutas, podendo ser o começo da doença. 

Desconsiderar, menosprezar ou ignorar reiteradamente o trabalho feito ou apresentado também se inclui na lista dos sintomas que merecem a nossa atenção. Pode ser a desconsideração pura e simples ou pode ser aquela mania de sempre impor algo mais a fazer sem reconhecer o que foi realizado, como se nunca estivesse bem feito. Isso indica que o germe pode estar presente. 

E por falar em presença, restringir o escopo de atuação para algo menor do que a pessoa tem condições de fazer, ou sobrepor e sobrecarregar de tarefas a ponto de não ser possível fazê-las também é uma atitude que pode sinalizar a existência da moléstia. Até quando você encaminha ações diretamente para uma equipe, sem se dirigir a pessoa é uma maneira de assediar moralmente porque está menosprezando-a mesmo que a intenção não seja esta. 

Vale ressaltar o consenso que tal patologia se instala em relações hierarquizadas, nas quais um ou mais superiores praticam o assédio no exercício de suas funções. Porém, não se descarta a possibilidade entre os pares e até de baixo para cima, apesar de ser menos comum, pela própria dificuldade de constranger alguém com mais poder, que neste caso funciona como imunidade. 

Melhorar a percepção deste fenômeno corporativo pode ajudar assediados e assediadores morais a melhorarem as suas atitudes.  Pois uma das piores coisas que podem acontecer com uma enfermidade, é quando você não a identifica e com isso ela permanece e prospera sem as devidas providências para cura-la. 

Então, da próxima vez que você estiver trabalhando presencialmente numa empresa procure identificar este vírus que pode estar afetando o cotidiano. Ao contrário daqueles cujo remédio ainda é desconhecido, para este já sabemos bem qual é:  Respeito humano. 

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