LARGUE O MODELO FALIDO DE IDENTIFICAR LÍDERES
É inegável que temos no Brasil um
grande problema de liderança. Procuramos nos quatro cantos e temos dificuldade
de encontrar, salvo valorosos exemplos que sempre surgem indicando que esta
percepção pode estar equivocada. Porém, no estágio em que estamos todos os dias
tropeçamos com noticias revelando a mediocridade daqueles que deveriam
representar o melhor da sociedade. De expressões chulas ao roubo descarado,
passando por mentiras, cinismo e desonestidade em todos os sentidos, vivemos um
verdadeiro pesadelo cívico e social.
Diante deste quadro, é importante
refletir afinal, como são formados estes líderes que estão hoje dando um show
de inadequação. Não há escola para isso, de fato, é preciso reconhecer que eles
são forjados no nosso cotidiano, bem do nosso lado muitas vezes. Ou seja, somos
um pouco responsáveis por toda esta porcaria que eclodiu no país. E tudo depende
do nosso conceito de liderança, que muitas vezes está completamente deformado.
Costumamos identificar como
líderes aquelas pessoas que se destacam, simpáticas, desenroladas, que resolvem
as coisas e tomam iniciativas de organizar churrascos. Aquelas pessoas que
parecem ter muitos amigos, que são populares e fazem questão disto. Pessoas de
sorriso fácil e opinião para tudo, mesmo que esteja completamente errada. É
mais ou menos como o estereótipo do representante de turma na escola. E parece que mantemos este modelo rudimentar para as escolhas
durante toda a vida, o que não tem trazido bons resultados.
Comumente, em torno destas
pessoas reúnem-se grupos que os apoiam porque se identificam com isso, e porque
se utilizam destas características assim como são também usados. Trata-se de
uma relação de complementariedade, mútua proteção e muitas vezes pseudo lealdade,
pois os interesses sobrepujam os aspectos morais. Eles se reforçam e
impulsionam, conquistando com isso posições sociais e mais tarde, políticas e
econômicas. É um jogo de ascensão.
Este modelo reproduzido em várias
esferas pode ter gerado esta qualidade de líderes que temos hoje. Muito aquém do
que precisamos. E o que é pior, ter gerado todo este caos que estamos metidos. Logo,
se faz necessário escolher líderes de outras maneiras e sob a luz de outros
conceitos. Isto é fundamental para que tenhamos uma chance de evoluir e superar
esta etapa tortuosa da nossa história.
O espectro político é um bom
exemplo. As pesquisas apontam um número crescente de pessoas que preferem não
escolher seus representantes ou nem se lembram daqueles que escolheram 30 dias
depois das eleições. E costumamos deduzir que a população não tem interesse por
política ou não existem boas alternativas. Mas está na hora de mudarmos este
paradigma. Talvez isso esteja acontecendo porque a forma como são feitas as
candidaturas reproduza as alternativas de sempre. No dia que existir correspondência
entre as partes, haverá interesse.
Por isso, da próxima vez que for
pensar em liderança, ouse em adotar modelos completamente diferentes. Saia do
óbvio. Fuja do totalitarismo conceitual que lhe impuseram, e veja que o formato
atual de identificar líderes está praticamente falido.
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