6 JANELAS QUEBRADAS NA SUA EMPRESA




No final dos anos 60, uma equipe de psicólogos da Universidade de Stanford nos Estados Unidos fez uma experiência interessante. Deixaram dois carros idênticos e em bom estado, abandonados em dois bairros completamente diferentes. Um no pobre e conflituoso Bronx em Nova York e outro no rico e tranquilo bairro de Palo Alto na Califórnia. Em poucas horas, o carro deixado no Bronx foi vandalizado. Levaram tudo o que pode ser levado e o que não pode, foi destruído. Já o carro em Palo Alto permaneceu intocado por uma semana, até que os pesquisadores quebraram o vidro da janela, deflagrando o mesmo processo de desmonte e degradação.

Com base nestes experimentos, no início dos anos 80, dois criminologistas de Havard publicaram a “Teoria das Janelas Quebradas” na qual explicam que a ocorrência de pequenas desordens, decorre necessariamente em delitos maiores, numa espiral de criminalidade. “Um vidro quebrado numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação. Faz quebrar os códigos de convivência, faz supor que a lei encontra-se ausente, que naquele lugar não existem normas ou regras. Um vidro quebrado induz ao vale-tudo. Cada novo ataque depredador reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores torna-se incontrolável, desembocando numa violência irracional.” E isto nada tem a ver com a pobreza e sim com a psicologia do ser humano e suas relações sociais. Foi identificada a relação entre desordem e criminalidade.

Com base nesta teoria, alguns governos de cidades americanas passaram a adotar políticas de segurança publica focadas na resolução de pequenos problemas e faltas, como estratégia para redução de crimes maiores, a exemplo de Boston e Nova York. Nesta ultima, em 03 anos os delitos foram reduzidos pela metade e o índice de homicídios foi o menor em 30 anos, graças ao programa batizado de “Tolerância Zero” do então Prefeito Rudolph Giuliani. Objetivando resolver problemas enquanto ainda são pequenos, inibindo os maiores, "a Teoria das Janelas Quebradas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, que havia se convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: lixo jogado no chão das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento da passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados positivos foram rápidos e evidentes.”

A ideia de que pequenas desordens, levam a grandes desordens e posteriormente ao crime, pode ser bastante útil para abordar a realidade social brasileira, incluindo o câncer da corrupção com suas praticas entranhadas nos mínimos atos do cotidiano. Também pode valer para aplicar em nossa vida pessoal, nossa casa e nossa família. Porém, neste post vamos deixar estas questões para um outro momento, e nos concentrar na seguinte analogia: Pequenas desordens, levam a grandes desordens que por sua vez levam a grandes problemas e prejuízos empresarias. Isto é, a Teoria das Janelas Quebradas aplicada ao universo corporativo. Os exemplos que ilustram e convergem com esta hipótese bastante factível são muitos, mas para resumir vamos ficar com os 06 pontos a seguir:
1.       Ambiente de Trabalho: Ele é a primeira coisa que você vê quando chega na empresa. As salas, as mesas, as estantes, as paredes, os móveis, os papeis. Se isso está desarrumado, desorganizado, quebrado, amontoado, improvisado, desgastado ou sujo, estará incentivando desempenhos pouco excelentes, desleixo e falta de zelo, que podem decorrer em mais quebras, desperdícios e despesas. Portanto, tenha atenção nestes itens. Use as etapas dos 5S para dar um jeito no ambiente de trabalho do seu negócio. 
2.       Atrasos, Atestados e Faltas: Podem parecer fatos sem importância mas graças ao Estado brasileiro,  a folha de pessoal é um dos recursos mais onerosos das empresas. Um atraso ali, um atestado aqui, outra falta lá, se não forem minimizados podem gerar grandes prejuízos incentivando o aumento de suas ocorrências. Isso dá trabalho mas precisa ser feito. 
3.       Desperdícios de Tempo, Insumos e Materiais: Luzes e ar condicionados ligados sem necessidade, 10 minutinhos no celular a cada hora, muitos papeis no lixeiro da copiadora, falta de comunicação gerando retrabalho, sobras da produção espalhadas pelo chão, descontrole nos estoques...  Neste item a lista é grande. Você tem alguma dúvida que a soma dos desperdícios que ocorrem todos os dias na sua empresa, não define o desempenho geral que ela obtém ao longo do ano ? Se você quer ir a algum lugar diferente de onde está hoje, está na hora de prestar atenção nisso.

4.       Falta de Bom Exemplo das Chefias: Não adianta somente cobrar do pessoal. É preciso dar o exemplo e começar com quem manda na empresa. Um mau exemplo de alguém que exerce cargo de chefia, pode desencadear vários comportamentos inadequados na equipe. Justiça boa começa de casa.

5.       Tolerância com o Baixo Desempenho: As coisas não estão andando como deveriam e você arruma desculpas, elenca  justificativas, pensa que não há problemas e que não deve se estressar, ou seja, você convive com o baixo desempenho hoje, amanhã e depois. Não é possível imaginar que desta forma sua empresa terá um desempenho acima da média brasileira.

6.       Nada de Compliance: Você descumpre a legislação, as normas, os procedimentos, os contratos e os acertos e vai querer que o seu pessoal cumpra à risca a cartilha da empresa ? Vou lhe contar uma coisa. Os maiores índices de não conformidade que eu já vi nas organizações empresariais estão naquelas que ignoram a importância do compliance.


Estas são somente 06 janelas quebradas em uma empresa brasileira. Existem muitas outras. A cada dia estou mais convencido que elas precisam ser consertadas o quanto antes, para que possamos obter maiores patamares de desempenho. Lembre-se do que os cientistas sociais descobriram: Os grandes problemas começam dos pequenos. 

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