OS VENTOS DA LIBERDADE SEMPRE RETORNAM

 Os ventos são o ar em movimento. Eles ajudam na polinização e na distribuição de sememtes. Remodelam paisagens pois são fatores de erosão. Possibilitam deslocamento de embarcações e geração de energia. Existem ventos que chamamos de brisas e ventos que chamamos de furacões. Porém, os mais importantes são os ventos da liberdade. Eles sempre nos trazem uma agradável sensação de esperança, nos trazem o perfume de uma primavera que esperamos ser duradoura. Os ventos da liberdade sopram pelo mundo impulsionando a história, e nada... nada pode impedi-los. 

Em 1989, eles sopraram em Berlim e derrubaram o muro da vergonha. Nos 28 anos anteriores eles não deixaram de soprar. Foram dezenas de mortos, centenas de feridos e milhares de presos na tentativa de ultrapassá-lo. Já com 11 dias depois de contruído, a corajosa Gunter Litfin foi morta a tiros nesta tentativa. Foi a primeira de muitos. Rudolf Urban em setembro de 61, Peter Fechter em 62 abatido na vista de jornalistas ocidentais. Em 66, duas crianças de 10 e 13 anos tiveram o mesmo destino. Os ventos também levaram Winfried Freudenberg em seu balão caseiro, oito meses antes da queda definitva do muro. O maior dos sonhadores não poderia imaginar o que veio depois. Os ventos chegaram enfim, passaram pelo muro e o despedaçaram, abrindo passagens para uma nova etapa na ordem mundial.

Em 89, eles também sopraram na China. Não desfizeram as muralhas milenares mas passearam na Praça da Paz Celestial e contiveram mesmo que por alguns instantes, a coluna de tanques. Ninguém sabe até hoje a identidade daquela pessoa, pois os ventos da liberdade são assim mesmo. Vem de onde menos se espera e eclodem numa maravilhosa  corrente, sempre na sua hora. Eles insistem, persistem, avisam da sua presença com seu ecoar característico. Eles sempre retornam.

Foram eles que sopraram este ano no Egito e levaram milhares para as ruas. Alimentaram os gritos e a coragem do povo, como velas que são levadas pelo oceano revolto. Mantiveram as pessoas na praça do Cairo por 18 dias e sussuraram a renúncia do ditador. Foram eles que sopraram na Tunísia, tirando a população de suas casas e um presidente que estava no poder há 23 anos. Foram eles que levantaram a areia do deserto líbio e encurralaram Khadafi em sua toca. Quando os ventos da liberdade sopram, as coisas nunca ficam como eram. Eles chegam porque não se percebe os seus sinais. As vezes desarrumam  as cartas do jogo que foi montado, as vezes desmontam os castelos de areia. Eles não conhecem fronteiras, não conhecem regiões, não se detêm diante das barreiras que são impostas. Eles simplesmente sopram, ora tranquilos ora encorpados, nos lembrando todo o tempo quem fornece a direção do nosso velejar.


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