O LADO GERENCIAL DE UMA RJ

O caso da recuperação judicial da
OI, coloca de vez este assunto na pauta empresarial brasileira. Os números são astronômicos.
Cerca de 65 bilhões de reais em dívidas. Até o momento é a maior do Brasil. Para
você ter uma ideia, a segunda foi de 19 bilhões. A marca é nacionalmente conhecida,
ao contrário de outras que nunca ouvimos falar. O produto tem bastante
capilaridade e a partir de agora, boa parte dos brasileiros vão ouvir falar
nesta situação que está assolando o país.
O Serasa estima que em 2016, um montante
de 1.800 empresas de todos os tamanhos vão recorrer a este recurso, o que
representa um aumento de 39% em relação a 2015. Somente no mês de Março, a
quantidade de requerimentos praticamente se iguala ao total do ano de 2006, 10
anos atrás. Motivadas pela crise econômica, pelo alto endividamento e amparadas
por um instituto legal formatado em 2005, as empresas brasileiras estão
embarcando cada vez mais nesta alternativa.
A recuperação judicial possibilita
que a empresa reestruture seu passivo, visando a sua continuidade. Neste
contexto existe um ponto que é fundamental. A empresa precisa ter viabilidade
econômico financeira. Do contrário, trata-se apenas de um artificio para adiar a
falência e até para lesar os credores. Não vou tratar aqui dos aspectos
jurídicos e judiciais porque existem profissionais especializados nisto. Vamos
abordar o aspecto gerencial da recuperação judicial, porque quer você queira
quer não, ele existe e é determinante para o sucesso da iniciativa. Entenda que
toda RJ (recuperação judicial), possui um aspecto que deve ser tratado por advogados
e outro que precisa ser tratado pela gestão. Isso porque, o negócio precisa se viabilizar.
Neste contexto, o empreendimento
precisa contar com um planejamento financeiro de no mínimo 36 meses, que é o
prazo que normalmente eu trabalho nestes casos. E ele precisa ser acompanhado e atualizado
constantemente. Esta tarefa não é do Administrador Judicial. É da gestão da recuperação. Os controles internos precisam ser melhorados, gerando informações
para que o nível estratégico possa tomar decisões mais fundadas em números do que
em intuição e achismo. E as práticas de Governança, mesmo sendo uma empresa
Ltda e familiar, precisam ser aperfeiçoadas ou iniciadas, para que a empresa
possa trilhar um rumo estratégico mais seguro e obtenha mais equidade,
transparência, prestação de contas, responsabilidade institucional e
compliance. Este é o tripé interno da recuperação.
Nada disto se resolve com o
processo na justiça. Resolve-se com profissionais capacitados para isso e de preferência
externos, para que possam com independência manter a empresa nos trilhos
planejados. Sim, a RJ tem um custo e ele somente será pago se a empresa funcionar
e for viável. Acompanho profissionalmente alguns casos de empresas que entraram
em RJ. Em um deles, eu fiz a recomendação inclusive. Nele, estamos vendo um
desdobramento gratificante. Uma empresa que praticamente estava com caixa zero
e estava atordoada no auge de sua crise financeira, retomou o seu
funcionamento, viu seu fluxo de recebimentos retornar e aumentar, viu sua
geração de caixa ser positiva, seu saldo financeiro ser elevado, e caminha para
um exemplo diferenciado nas estatísticas, sendo uma daquelas que vai se
recuperar plenamente. Foi fácil. Claro que não. Mas é possível.
O que houve neste caso ? A empresa contou com estes aspectos que citei,
aliando solução jurídica com a solução de gestão.
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