O FANTASMA DO ENDIVIDAMENTO INCONSEQUENTE



Uma das premissas básicas em finanças é o equilíbrio entre receitas e despesas. Por esta diretriz, pessoas, famílias, empresas, instituições e governos nāo deveriam gastar mais do que recebem ou arrecadam. Mais que isso, deveriam gastar menos, gerando um excedente para fins de poupança que por sua vez possibilita o investimento.

Pelo menos é o que deveriam fazer, mas na verdade nāo fazem. O fato é que hoje em dia, o crédito e outros artifícios financeiros estimulam o consumo e acabam por fomentar o desequilíbrio orçamentário das famílias, cujo endividamento vem batendo recordes sucessivos no Brasil. O descontrole e a falta de uma gestāo eficaz, fazem as empresas apresentarem resultados financeiros desfavoráveis, incluindo bancos em vários pontos do planeta que acabam recorrendo aos governos para cobrirem seus problemas. Estes por sua vez nāo ficam atrás e pelo mundo apresentam um festival de desequilíbrio fiscal, com vários precisando de bilhōes de dólares para fecharem suas contas.

Quando o desequilíbrio se instala, tornando-se regra em vez de excessāo, a consequência é o endividamento que deveria ser temporário, mas acaba se tornando definitivo e as vezes irreversível. O capital de terceiros nāo é ruim desde que o custo seja menor que a taxa de retorno que a sua aplicaçāo obtém. Além disso, deve existir capacidade de pagamento que é mais relevante que o tamanho da dívida. O problema é que isso nem sempre acontece e o endividamento acaba destruindo valor e riqueza. O tiro acaba saindo pela culatra.

Para todos os casos, uma das medidas é buscar o equilíbrio financeiro, gerando superavit de caixa nāo só para pagar a dívida como para sair do padrāo de gastos que levou ao problema. A questāo é que essa adequaçāo sempre envolve perdas e a humanidade nunca lidou bem com elas. É dificil deixar de gastar, pois envolve renúncia e sacrifício. Envolve até disciplina e mudança de hábitos, requisitos que nāo sāo se encontram facilmente por aí.

O desequilíbrio orçamentário tem um custo financeiro medido pelo custo da dívida e um custo social decorrente que na maioria dos casos nāo dá para ser medido por uma taxa, com consequências enormes e até imprevisíveis. Ou lidamos bem com isso, ou continuaremos a ter problemas com o endividamento inconsequente.

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