EMPRESÁRIOS E CRIMINOSOS SÃO COISAS DIFERENTES



Os fatos protagonizados por Joesley Batista, o sujeito que saiu de um negócio frigorífico em Goiás para em 12 anos pilotar uma multinacional gigante no ramo de alimentos, com clientes em 150 países e mais de 200.000 colaboradores, com práticas que agora sabemos quais, nos servem de reflexão sobre o perfil de empresário brasileiro que ele representa.  Com o seu modus operandi, ele é produto de um modelo econômico ultrapassado no qual a iniciativa privada se locupleta do Estado financiando corruptos para manter suas posições. O crescimento da JBS possivelmente está ancorado na promiscuidade desta relação e nos favorecimentos obtidos com ela, do que em um legitimo fato de mercado concorrencial. Da mesma forma como ocorreu com outro Batista conhecido nosso que atende pelo nome de Eike, que chegou a ser classificado como um dos homens mais ricos do mundo, não é surpresa que a empresa sofra quando a farra acabar, já que suas vantagens competitivas foram montadas nos conteúdos vergonhosos das gravações que eclodem na imprensa. 

Tipos assim, parecem ter um gosto incontrolável pela contravenção e pela corrupção, colocando o dinheiro acima de qualquer outra coisa na vida exatamente pela falta de algo melhor para por no lugar. Crescem não porque oferecem necessariamente bons produtos ou boas soluções para os clientes, transitando na eficiência de bons preços e boas ofertas, mas sim pelo conchavo com sujeitos iguais a eles. Não creio que ninguém em sã consciência quando criança sonhe em se tornar alguém que subiu na vida as custas da desonestidade, colaborando para afundar o país onde nasceu, juntamente com uma quadrilha de bandidos. Nem acredito que os jovens que dedicam seu empenho nas Startups brasileiras sonhem com coisas semelhantes. Tão pouco creio que as práticas dos Batistas ou de Marcelo Odebrecht são ensinadas nos cursos de Administração pelo país. 

Um empresário na verdade trata-se de algo diferente. Isso nada tem a ver com andar de jatinho, ter carros importados, apartamento em Nova Iorque, departamento de operações estruturadas e comprar as pessoas com dinheiro sujo. Os empresários autênticos querem distância das páginas policiais e sabem que o trabalho é o grande diferencial no sucesso de um negócio. Não é raro envolverem-se os três horários, os sete dias na semana, para viabilizarem o seu projeto. Preferem a descrição do que o glamour, e quase sempre são austeros e módicos em seus hábitos. Querem sim crescer, porém não sentem o gosto da vitória burlando as regras do jogo. Por tradição, educação ou intuição sabem que a competência empresarial fundamenta-se na perseverança mais do que no oportunismo, e que a ética é tão importante quanto a eficácia. São estes perfis que conseguem construir empresas com sustentabilidade suficiente para atravessar os devaneios dos governos intervencionistas sem se contaminarem. Normalmente, o empresário é alguém que coloca o seu negócio acima da sua vida, e não alguém que posiciona a sua vida acima do seu negócio.

Existem muitos no Brasil. Nossa Economia é feita por eles. Estão nas padarias, nas farmácias, nas lojas, nas prestadoras de serviço, nos postos de combustíveis, nos hospitais, no agrobusiness, nas indústrias também nas construtoras. Somos um mercado repleto de oportunidades e um povo com uma força empreendedora de grande magnitude. Que o empresariado brasileiro verdadeiro possa enfim erguer esta nação levando-a ao patamar merecido, pois as maçãs estragadas podem até chamar a atenção por algum tempo, mas o cesto de maçãs boas é que define a safra. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PROBLEMAS SISTÊMICOS PEDEM SOLUÇÕES ESTRUTURADAS

O QUE É A PATOCRACIA

QUEM CARREGA O PIANO ?