O SEU AVATAR ESTÁ A VENDA

 



Alguns especialistas já estão avisando: Os dados são o próximo tesouro da humanidade, assim como um dia foi o ouro e o petróleo ainda é até hoje. Não foi a toa que o matemático britânico Clive Humby cunhou a expressão “Data is the new Oil” que tem sido repetida por muita gente no mundo empresarial. Mas diferente de um recurso natural que tem uma quantidade limitada e é encontrado na natureza em determinadas regiões geográficas, os dados estão em praticamente toda parte e seu volume cresce assustadoramente com o passar do tempo. Estudos afirmam que a “produção de dados dobra a cada dois anos, e a previsão é de que em 2020 sejam gerados 350 zettabytes de dados, ou 35 trilhões de gigabytes.” Nossa mente nem consegue imaginar essa quantidade. 


Nesse contexto completamente novo para a humanidade, existe um verdadeiro mercado de dados pessoais no planeta. Isso porque, para cada pessoa física que frequenta o ambiente digital, e estamos falando de bilhões de frequentadores, existe um conjunto de dados relacionados que indicam a sua identidade e os seus hábitos, numa espécie de avatar virtual. Isso mesmo, você possui e nem sabe. Esse avatar é o produto dos Data Broken, “empresas que coletam informações pessoais dos consumidores e as revendem ou compartilham com outras”. Além do consumo, também descobrimos que o mesmo mecanismo tem sido usado para assuntos políticos e governamentais no mundo inteiro, influenciando em campanhas e nos destinos das nações. Estamos vivendo a “Data Rush”. 


Em resposta a todo esse frenesi pelos dados pessoais, a União Europeia saiu na frente inclusive dos EUA e em 2018 implantou o seu Regulamento Geral de Proteção de Dados, ou GDPR como é comumente conhecido. Na sequência, o Brasil fez a mesma coisa e implantou a sua Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, a LGPD.   Em meio às obrigações destes instrumentos legais, eles tentam proteger a sua privacidade do voraz avanço na vida das pessoas com intuito comercial ou politico. Regulando todo o ciclo de vida dos dados, a legislação resgata um fundamento importantíssimo que nos esquecemos tamanha é a facilidade de operá-los: Os dados pessoais pertencem ao seu titular, e não a quem os processa. Por isso, uma série de cuidados devem ser tomados para efetuar o tratamento dos mesmos. 


No fundo, trata-se da eterna luta entre o indivíduo e a coletividade, na busca de cada um preservar os seus interesses. E neste caso, a lei felizmente ficou do nosso lado. Pode parecer preciosismo proteger dados pessoais e com isso preservar a nossa privacidade e identidade em um universo tão abstrato.  Da mesma maneira que aqui no Brasil no período de 1550 a 1888, muitos também não achavam relevante preservar os direitos fundamentais de seres humanos que sofriam toda sorte de abusos. No entanto, com o passar do tempo, igualmente como ocorreu com a escravidão física, teremos a percepção do tamanho da importância de resguardar estes direitos, para que não nos tornemos verdadeiros escravos digitais. 


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