QUANDO O PROBLEMA É O DONO
Toda empresa na verdade reflete as qualidades e
os defeitos de quem a dirige. No caso das pequenas e médias empresas, elas
refletem os proprietários. Isso porque, a gestão dos negócios deste tamanho,
estão entregues as pessoas que detém as cotas. Neste contexto, gestão e
propriedade são uma coisa só. Acontece que na prática e na teoria, são duas
coisas completamente diferentes. Ser dono, não significa ser necessariamente um
gestor e vice versa. Pior ainda, em muitos casos, o maior problema da empresa
está exatamente neste ponto. No dono.
Os
donos são seres humanos iguais a mim e a você. Muitos deles possuem
características que não se adequam bem ao desafio de administrar. Pior do que
isso. Muitas vezes estas características atrapalham. Mudar de opinião a toda
hora, querer mudanças repentinas, jogar as pessoas contra as outras, destratar
as pessoas no trabalho, não trabalhar o suficiente na empresa para acompanhá-la
como deveria, não entender as consequências das próprias decisões e atos, ser
egocêntrico, praticar incontinência com os gastos, faltar com a verdade, não
ser claro nas suas instruções, são apenas alguns exemplos de atitudes que
atrapalham a gestão de um negócio. Elas e outras podem não só atrapalhar como
ser destrutivas. Já vi enormes prejuízos serem causados em virtude das condutas
e decisões mal tomadas pelos donos. Já vi boas equipes serem desmotivadas e até
dizimadas também. Boa parte das empresas em dificuldades econômicas e
financeiras trazem na origem desta situação, grande responsabilidade dos donos.
É interessante constatar que eles criaram o negócio mas também concorrem para
destruí-lo. E na grande maioria das vezes não conseguem enxergar isto.
Quando
o problema de um empreendimento é o dono, ele terá grandes dificuldades de
superar as etapas naturais da vida de uma empresa, podendo inclusive abreviar a
sua inviabilização, gerando danos para toda a sociedade. Por um lado, podemos
pensar que isso é uma injustiça já que as outras pessoas sofrerão as
consequências das atitudes do proprietário, todavia, ele é quem arca com as
maiores consequências de seus erros, perdendo o patrimônio que construiu e
afundando-se em dívidas. Alguns não resistem ou não aguentam este fardo.
Apesar
desta triste realidade, retirar dos donos o direito que eles possuem sobre suas
empresas, não é o caminho correto nem ideal para abordar este assunto. Não
concordo com este tipo de procedimento pois isso implica em incorrer em erros
maiores do aqueles que se supõe estar consertando. Os donos precisam ser
desenvolvidos e capacitados para amadurecerem como gestores e como pessoas.
Fornecer bons feedbacks e saber a hora de tratar determinados assuntos ajuda
bastante, porém a melhor coisa a fazer é mostrar com números as consequências
do que ele fez e do que poderia ser feito. Os bons números são impessoais e
falam por si só. Ao perceber os desdobramentos de suas condutas, e os prejuízos
que elas causam, existe um boa chance deles aprenderem e melhorarem. Isto
porque os donos podem ser tudo. Mas uma coisa eles não são. Burros.
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