O VOTO E O ESPELHO
O candidato no qual você vota, é
um reflexo do que você pensa e desta maneira, espelha em parte quem você é. Se
você escolhe um candidato desonesto, que pratica crimes contra o erário, que
compra votos ou que usa a política para enriquecer o próprio patrimônio, está
de certa maneira dizendo que você aceita estas práticas e que se tiver
oportunidade, poderá fazer a mesma coisa. Se você escolhe um candidato que não
se leva a sério, aquele do tipo palhaço ou que encarna personagens ridículos,
está dizendo que você também não se leva a sério, tão pouco o seu futuro e o
dos seus filhos por exemplo, mesmo que pense que com isso está fazendo um voto
de protesto. Se você vota em um candidato sem condições intelectuais de exercer
o cargo, sem o conhecimento devido das questões as quais vai se deparar, está
dizendo com isso que você também não tem condições de eleger ninguém. Se você
vota em um candidato que segue uma ideologia equivocada, aquela que se diz o
paraíso aqui na terra mas na verdade realiza o inferno, está contribuindo para
que ele se instale. Se você apoia candidatos que são contra a iniciativa e a
propriedade privada, que defendem a elevação do estado sobre o indivíduo, está
dizendo que é contra si mesmo. Se você escolhe um candidato que pratica e
propaga o assistencialismo e o populismo, está dizendo que você não só aceita
como talvez prefira acomodar-se do que ir em busca do sucesso com os próprios passos.
Se você vota em candidato que representa o continuísmo, famílias e grupos que
usam a política como meio de vida, está dizendo que você concorda com isso, que
talvez gostaria de estar no lugar deles, e que se estivesse muito provavelmente
faria a mesma coisa. Se você vota em um candidato por interesse financeiro, para
conseguir ou garantir posições, está colaborando para a deterioração da
política, para a ausência de alternativas de melhoria, e também com a própria
desgraça, dizendo com isso que você está mais focado em si do que nos outros, e
talvez se coloque acima dos demais. Se você vota em um candidato novo, que
nunca foi político e procura práticas diferentes destes, bem como defender
ideias em função do seu resultado do que em função da conveniência, está
dizendo que deseja renovação. E ainda se você vota em branco, está dizendo que qualquer
tipo de candidato serve para você e se vota nulo, diz que nenhum dos candidatos
lhe convêm.
As alternativas de escolha são
muitas, principalmente para deputados. É quase impossível conhecer um pouco de
todos eles. Por isso, nós acabamos fazendo esta escolha por algo que
encontramos neles que tem a ver conosco. E desta forma acabamos por revelar um
pouco do que somos. Na verdade, o candidato é o espelho do eleitor. Ele
representa uma espécie de projeção consciente ou inconsciente de muitos de seus
valores, de suas crenças e de seus propósitos, baseados nas informações que
possuem. Saber em quem está votando é fundamental, pois mesmo que não queiramos
isso acontece. Levar a sério o mecanismo do voto também. São cerca
de 20.000 candidatos nestas eleições para 5.000 cargos aproximadamente. Até que
4 para 1 não é uma concorrência grande mas por uma série de motivos, estes
candidatos são somente 0,01% da população brasileira. Por sua vez, estes que
serão eleitos representam minúsculos 0,002% dos brasileiros, mas com suas
atitudes, ideias, moral e conceitos, influenciam e definem a vida de todos. Em
outras palavras, os 5.000 decidem o destino de 200,4 milhões de pessoas.
Precisamos desenvolver mecanismos para defender a sociedade deste “estelionato
eleitoral” que a acomete. Existem meios para isso. Vamos começar. Até bem porque, nós é que sofremos as consequências do voto mal feito. Nós é que pagamos a conta e nem participamos da festa.
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